segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A Fuga da Família Real Portuguesa

A origem de tudo: o bloqueio continental.

Dê um clic no mapa acima para observá-lo em mais detalhes. Perceba, que dos reinos do continente europeu, Portugal havia sido o único que ainda não tinha aderido ao Bloqueio Continental imposto por Napoleão aos reinos da Europa com o objetivo claro de enfraquecer a economia britânica, principal rival do imperador francês naquele momento.

Sabe-se que a situação do principe regente D João não era muito confortável. Se aderisse ao bloqueio, a marinha britânica bombardearia Lisboa e o que é pior: tomaria sua principal colônia, o Brasil. Ficando ao lado da Grã-Bretanha, teria seu território invadido pelas tropas napoleônicas e correria o sério risco de perder o trono para Napoleão. Fugir para o Brasil - a mais importante colônia do já enfraquecido império colonial português - era a única alternativa viável. Por quê? Transferindo a corte portuguesa para o Rio de Janeiro o trono da dinastia Bragança que governava Portugal estaria assegurado, mesmo Napoleão ocupando o território português, como, de fato, ocupou. Além disso, vindo para o Brasil, o risco de perder sua mais importante colônia estaria bastante reduzido.

Uma vez decidido pela fuga, seria fundamental planejá-la bem. Mais: era imprescindível ganhar tempo com Napoleão, isto é, dar a entender ao imperador francês que acataria suas imposições e assim atrasar ao máximo a invasão do reino. Em suas memórias, escritas na ilha de Santa Helena onde estava preso, Napoleão cunhou a seguinte frase sobre D João: "Foi o único que me enganou".

O sucesso da fuga, porém, não se deu apenas pela competência das autoridades portuguesas em enganar Napoleão. Sem a proteção da marinha britânica, os navios que conduziam a família real portuguesa para o Brasil não teriam chegado ao seu destino. A proteção da Inglaterra, portanto, foi decisiva para o sucesso da fuga.

Oh, Zé Paulo, por que se fala tanto dessa fuga da família real portuguesa para o Brasil? Só por que neste ano se completou o bicentenário dela? Também, meus caros. Mas a importância dessa fuga para o nosso país é bem maior do que apenas festejar essa data comemorativa. A história do Brasil mudou de forma definitiva a partir dela.

Chegando em Salvador, isso em janeiro de 1808, o Príncipe Regente D João assinou o importantíssimo Tratado de Abertura dos Portos. Esse tratado permitia que toda nação amiga de Portugal - em 1808 "todas as nações amigas" se resumia a Inglaterra - poderia fazer comércio livremente nos portos brasileiros. Na prática, esse tratado acabava com o pacto coloniale como não havia mais o pacto colonial, na prática o Brasil deixou de ser colônia. Foi o primeiro e um dos mais importantes passos para o processo de independência política do Brasil que só seria completado em 1822.

Em 1810, um novo tratado foi assinado por D João. "Denominado oficialmente de “Treaty of Cooperation and Friendship”, Tratado de Cooperação e Amizade, de 1810 , assinado pelo conde de Linhares e pelo lorde Strangford, eram compostos por dois acertos: um de aliança e amizade (com 11 artigos e 2 decretos) e o outro de comércio e navegação (com 34 artigos)." Este último estabelecia alíquotas diferenciadas, isto é, impostos sobre importação de produtos, com taxas distintas a depender do país. Dessa forma, os produtos ingleses eram taxados em 15%; os produtos portugueses em 16% e os produtos de outros países em 24%. Ou seja, as mercadorias inglesas foram beneficiadas por esse tratado.

Muito se diz que esses acordos beneficiaram a Inglaterra e que demonstram o grau de dependência econômica que Portugal, e depois o Brasil, tinham em relação ao Reino Unido. É inegável que os tratados beneficiaram a Inglaterra, afinal, a proteção da marinha britânica à fuga de 1808 não foi um ato de caridade. Todavia, nenhuma outra nação do mundo tinha mais capacidade de produção e comercialização do que a Inglaterra. Qualquer acordo comercial internacional relevante, pela força da economia britânica, beneficiaria os ingleses. O que pouca gente lembrar que tanto o Tratado de 1808 quanto o de 1810, dinamizaram a economia da colônia. Os produtores brasileiros conseguiram vender seus produtos por um preço melhor e a abertura comercial também proporcionou o barateamento dos preços dos produtos manufaturados (industriais), sobretudo ingleses. Melhorias impossíveis de acontecer se o pacto colonial fosse mantido.

O Estado português, que agora estava sediado na cidade do Rio de Janeiro, também se beneficiou com esses acordos. Um maior volume de comércio fez o governo arrecadar mais impostos, por exemplo. E, não esqueçam, manter uma corte que só gastava e nada produzia, convenhamos, era preciso tirar o dinheiro de algum lugar, não é? Enfim, os ingleses não se beneficiaram sozinhos com esses acordos.

O maior benefício, porém, foi que com o Tratado de 1808 (de Abertura dos Portos) e com a presença da família real portuguesa no Rio de Janeiro, o Brasil deixa de ser uma colônia subordinada aos interesses e desmandos de Lisboa. Os historiadores dizem que nesse período, era como se o Brasil fosse a metrópole e Portugal a colônia. Numa verdadeira inversão colonial.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cadê os 32 comentários?
O que aconteceu com as pessoas que entravam no seu blog prof?
Pararam de a acessar ou de comentar?
Vou continuar escrevendo nem que seja um oi...
Oi!
Marcela, 81

Anônimo disse...

ola...

quero agradeçer ao prof. pelo blog ajudou.me muito ...

consegui fazer trabalho inacreditaveis


mt obrigado

bj

JU

Nanda disse...

Bom, conheci o seu blog por acaso(em uma pesquisa do google), e quero agradecer e parabenizá-lo pelo conteúdo publicado, pois o mesmo me ajudou muito nos meus estudos para os meus testes-surpresas.
Tenho certeza que muita gente também se beneficiou com os seus posts daqui, tanto que li isso em diversos comentários.
Obrigada, e continue nos ajudando! :)
Beijinhos.