segunda-feira, 19 de março de 2012

Esparta


"This is Sparta". Esse brado famoso do cinema, atribuído ao rei Leônidas, de Esparta, diante de um mensageiro persa, querendo dizer que os espartanos eram valentes e incorruptíveis, ficou famoso. Longe da ficção dos cinemas, proponho nesse post conhecer, em aspectos gerais, a cidade de Esparta, que os antigos chamavam de Lacedemônia.

Esparta foi fundada, até onde se sabe, pelos dórios, por volta do século X a C. O local escolhido foi o sul do Peloponeso, na Lacônia, uma região bastante propícia para a agricultura, ideal para os dórios que só sabiam plantar e lutar.

Sabe-se pouco sobre a cidade. O que vai nos interessar de modo mais imediato, é falar sobre a sua organização política e social; os objetivos de sua educação e de como os espartanos se relacionavam com os gregos de outras póleis.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

Esparta sempre fora uma oligarquia, sistema político em que um grupo reduzido detém o poder político. Na cidade havia dois reis (diarquia) com funções militares e religiosas. O órgão político mais importante em Esparta era a Gerúsia, um conselho de anciãos composto por 30 pessoas. Era sempre esse conselho que dava a última palavra nas decisões políticas da cidade. A assembleia popular em Esparta era a Ápela e era composta por todos os cidadãos espartanos (esparciatas) que deveriam ter, no mínimo, 30 anos. Além de discutir sobre diversos assuntos (mas não decidir, pois isso cabia à Gerúsia), a Ápela escolhia os gerontes (membros da Gerúsia) e os éforos, no total de cinco. Os éforos tinham funções administrativas na cidade e eram eleitos para um mandato de 1 ano.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Havia em Esparta três grupos sociais bem definidos: os esparciatas (espartanos); aqueles que detinham os direitos políticos, isto é, que poderiam votar na Ápela e compor os órgãos políticos. Os periecos, de origem controversa, mas geralmente associados ao pequeno comércio e à pequena propriedade de terra nos arredores da pólis. E os hilotas (messênios). Os hilotas eram servos ou escravos do Estado. Isto é, não pertenciam a um proprietário em particular, mas ao governo. Eram os hilotas quem, de fato, trabalhavam nas terras dos esparciatas.

Periecos e hilotas compunham a grande maioria da população da cidade. Contudo, quem controlava os destinos da pólis eram os esparciatas. Daí o seu sistema ser conhecido como oligarquia.

EDUCAÇÃO

A educação em Esparta tinha dois objetivos bastante conhecidos: o primeiro era o de formar soldados. Já foi dito que Esparta era um quartel e isso, de maneira nenhuma, seria um exagero. Desde a mais tenra idade, os espartanos se submetiam a um treinamento rigoroso, a fim de desenvolver suas habilidades militares. Toda essa obsessão dos espartanos pela arte militar deve-se, principalmente, ao temor que eles tinham de um revolta dos hilotas. Era preciso estar sempre pronto para agir quando os hilotas tentassem se livrar da escravidão na cidade.

Além de formar bons soldados, a educação em Esparta também visava à obediência ao Estado, ou seja, ao governo. O governo espartano não dava aos seus cidadãos muitas liberdades, na verdade nenhuma. Determinava a idade máxima que o cidadão deveria estar casado; interferia nos assuntos privados e exercia sobre as famílias espartanas um controle rigoroso. Enfim, formar cidadãos-soldados e cidadãos-obedientes eram os dois principais objetivos da educação em Esparta. Por isso, não se dedicavam a aoutros temas como música, artes, matemática, filosofia, literatura.

Outra prática famosa na cidade dos lacedemônios (como os espartanos eram conhecidos) era a do infanticídio. As crianças que apresentassem algum problema fisíco que as incapacitassem para o treinamento militar eram assassinadas sob as ordens do governo. Certamente por isso, as mulheres em Esparta, desde meninas, se submetiam à prática da ginástica a fim de crescerem saudáveis e gerarem filhos saudáveis.

O conceito de estrangeiro na Grécia Antiga era bastante diferente do nosso conceito. Como nunca houve a unidade política das cidades-estados gregas, qualquer cidadão grego que vivesse ou visitasse uma outra pólis que não fosse a sua cidade natal, era considerado estrangeiro. Dessa forma, por exemplo, um ateniense em Esparta, embora grego, seria considerado um xenos (estrangeiro) em Esparta. Falando nisso, os espartanos não tinham uma boa relação com os gregos de outras cidades. Na cidade era comum a aversão aos estrangeiros (xenofobia) e até mesmo a prática de expulsão do estrangeiro (a xenelasia).

Algumas curiosidades:

1 - Os gregos chamavam de bárbaros a todos os povos que não fossem gregos.

2 - O adjetivo lacônico (a), significa falar pouco, não dá, em palavras, muitas explicações. Atribui-se a origem desse adjetivo os espartanos (que viviam na Lacônia, lembram?) uma vez que eram treinados para falar pouco.

3 - Expressões como trienamento espartano e vida espartana ou costume espartano, referem-se a treinamentos duros e rigorosos e a uma vida ou costume sem qualquer luxo ou conforto.

Um comentário:

curtidas no instagram disse...

Muito bom o blog, parabéns pelo o tópico está ótimo.