segunda-feira, 19 de março de 2012

Atenas 1


Atenas e Esparta, as duas mais famosas cidades-estados do mundo grego antigo, eram em muitas características, antípodas. Enquanto Esparta sempre fora uma oligarquia, Atenas viveu seu apogeu político, século V a C, sob o regime democrático. 

Aqui é importante fazer algumas considerações: a democracia em Atenas era bem diferente da nossa. No caso deles, a democracia era direta, isto é, os próprios cidadãos atenienses se dirigiam à Eclésia para decidir, eles mesmos, os destinos da cidade. Em nosso caso, escolhemos, através de eleições periódicas e livres, representantes para votar leis e nos governar. Chamamos esse tipo de democracia de indireta ou representativa.

Além disso, no caso da Atenas clássica, as mulheres estavam excluídas dos direitos políticos, coisa bem diferente ocorre nos dias hoje. No caso do Brasil, por exemplo, a maioria dos eleitores é composta por mulheres. E não custa lembrar que temos na presidência do país uma mulher. 

Finalmente, há um detalhe que escapa a muitos alunos sobre a democracia ateniense. Tanto em Esparta quanto em Atenas uma minoria de habitantes é que detinha o poder político nas cidades. Alguns dados indicam que para cada 100 habitantes de Esparta, apenas 2 tinham direitos políticos. No caso de Atenas, no século V a C., essa proporção era de 100 para 10. Então, pergunta-se: “Por que Esparta era uma oligarquia, e Atenas, no século V a C, uma democracia?” a resposta é simples e direta. O regime democrático de Atenas não fazia distinção entre ricos e pobres quanto aos direitos políticos. Em outras palavras. Os cidadãos atenienses, ricos ou pobres, tinham os mesmos direitos políticos; Além do mais, as decisões eram tomadas em Assembléia Popular, e não por um rei, tirano ou um conselho político. Os cargos políticos em Atenas eram escolhidos por eleição e sorteio o que permitia que um cidadão mais pobre pudesse, em tese, ocupar um importante cargo político na cidade. Isso seria impossível num regime oligárquico. Essas caracteríticas tornavam o regime de Atenas democrático. Já em Esparta, isso não acontecia.

Antes de falarmos na democracia ateniense, é fundamental entendermos todo o processo que do século IX a C até o final do século VI a C, levou a cidade à democracia.

Atenas está situada na península da Ática e foi fundada pelos jônios numa época entre os séculos IX e VII a C. Ao contrário de Esparta, a cidade de Atenas conheceu vários sistemas políticos, como: a monarquia; a oligarquia; a tirania; e, finalmente, a democracia. Foi este último sistema que a tornou famosa no mundo.

Na época da oligarquia, o grupo social dominante e que detinha o poder político era os eupátridas, que formavam a aristocracia de Atenas. Chama-se de aristocracia o grupo social cuja riqueza está baseada na posse da terra e que detém o poder político numa região. Os eupátridas que eram grandes proprietários e dominavam politicamente a cidade eram, por isso, chamados de aristocratas. Com o tempo o termo aristocracia passou a designar os ricos, grandes proprietários.

No período da oligarquia, a cidade de Atenas vivia sob um clima de tensão social muito grande. Os grupos sociais mais pobres e/ou sem direitos políticos reivindicavam, sem sucesso, mais direitos na cidade. De forma geral, três eram os fatores de distúrbios sociais em Atenas: a escravidão por dívida; o latifúndio; a falta de participação política. No final do século VII a C e na primeira metade do século VI a C, os distúrbios foram se agravando, ameaçando o regime oligárquico dos eupátridas

A fim de conter as revoltas, o governo de Atenas convocou legisladores que propuseram reformas políticas, sociais e econômicas. Essas reformas tinham um objetivo principal: diminuir as tensões sociais na cidade.

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