sábado, 23 de agosto de 2008

Música que gosto - 2

Quando eu tinha a idade de vocês - e isso já faz tempo, queridos – costumava ir à casa de minha tia, que fica numa cidade próxima a Recife, chamada Camaragibe. Lá passava muito tempo olhando para uns quadros que decoravam a sala e ficava imaginando, observando com atenção as paisagens retratadas nos quadros, pensando: "como seria bom se eu pudesse, por mágica, transportar-me para dentro daqueles quadros." Não riam, afinal, eu não era adulto e por isso tinha todo o direito do mundo de criar minhas fantasias e meus sonhos.

Dois quadros me chamavam a atenção. No primeiro, havia uma casa grande e velha com uma escada alta, de pedra, com vários degraus e que dava acesso à porta dos fundos. Embaixo, algumas pessoas conversando no quintal enquanto galinhas ciscavam próximas a elas. O quadro parecia, ou pretendia representar, uma cena bucólica do século XVIII ou XIX. O bucolismo da cena me tocava. Eu queria estar ali, sentado num degrau da escada, observando os adultos conversando sobre assuntos “que não eram para criança”, tangendo as galinhas e, quem sabe, chupando uma manga com as mãos, sem faca, sem me preocupar com a “maneira correta de se chupar uma manga”

O outro quadro era um tanto diferente. A casa era pequena e na frente dela havia uma imensa árvore, com uma copa volumosa e um galho forte de onde pendia um balanço vazio, esperando por mim, com certeza! Ao redor, havia uma grama verdinha e ao longe um riacho que supunha gelado.

Até hoje, mesmo adulto, e sabendo de coisas sobre a vida que vocês um dia saberão, páro em frente à lojas de quadros e observo as pinturas, hipnotizado.

Não consegui encontrar na internet os quadros de minha infância, da casa de minha tia. Todavia, vou postar abaixo um belo quadro de Pierre Renoir, pintor francês do século XIX e que provoca, ao menos em mim, emoções semelhantes àquelas que sentia na "aurora da minha vida que os anos não trazem mais"


Que tal observar o quadro ouvindo Chopin?






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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Gabarito da Prova

01) Tendo por base o mapa abaixo e o seu conhecimento sobre o assunto, responda:

Mapa 1




a) Sabemos que o continente americano, do ponto de vista cultural, está dividido em duas partes. O mapa que você vê acima representa qual das duas partes? (0,1)

Resposta: América Latina

b) Olhando para a configuração política do mapa acima, é possível afirmar que o bolivarismo, doutrina desenvolvida por Simon Bolívar, deu certo? Explique. (0,3)

Resposta: Um dos aspectos do bolivarismo era a unidade política da América latina. O mapa, acima, exibe o território da América Latina todo fragmentado, isto é, dividido em diversos países. Logo, o bolivarismo não deu certo.

02) Sobre o processo que provocou a independência das colônias hispano-americanas, julgue os itens abaixo e marque V para os verdadeiros e F para os falsos. (0,5)

a ( F ) Movimentos populares como o que ocorreu no México em 1810, indicam que os grupos populares do vice-reino doPrata tinham um projeto alternativo de independência, em que defendiam o fim dos tributos indígenas e a Reforma Agrária.
.

b) ( V ) O reformismo ilustrado e a invasão das tropas napoleônicas à Espanha foram fatores que ajudaram no processo de emancipação política das colônias espanholas da América.

c ( F ) Inimigos dos chapetones, todos os criollos desejam a independência de suas colônias, pois assim teriam mais chances de prosperarem economicamente porque com a independência não precisariam respeitar o pacto colonial.

d ( F) Líderes da independência da América, Simon Bolívar e José de San Martín juntaram forças e conseguiram libertar as colônias espanholas da América do sul. Ambos defendiam que as regiões, agora independentes, adotassem o regime republicano como forma de governo.

e ( V ) O modelo de revolução que agradava à elite criolla foi o da Revolução Americana. Como havia ocorrido nas Treze colônias inglesas da América do Norte, os criollos queriam a independência de suas colônias mantendo a mesma estrutura sócio-econômica, isto é, sem mudanças profundas no campo social e econômico.

02.1) Em 1823, o presidente dos Estados Unidos, James Monroe criou a famosa Doutrina Monroe. Qual o lema dessa doutrina? Explique esse lema. (0,3)

Resposta: O lema da Doutrina Monroe era: “A América para os americanos”. Com este lema, os Estados Unidos defendiam a idéia de que os assuntos do continente americano deveriam ser discutidos e resolvidos pelos próprios países da América, sem qualquer interferência de reinos europeus. Coerente com essa doutrina, os Estados Unidos foram os primeiros a reconhecer a independência das colônias ibérica da América.

03) Explique por que o território na América que pertenceu à Coroa espanhola, após a independência, fragmentou-se em diversos países? (0,4)

Resposta: A fragmentação territorial da América hispânica pode ser explicada pelos seguintes fatores:

· Divergências políticas e econômicas entre os criollos.

· Oposição da Inglaterra e dos Estados Unidos ao projeto do bolivarismo

· À divisão histórica da região em vice-reinos e capitanias gerais.


Esses fatores, combinados, explicam a fragmentação política da América espanhola



4) O mapa, acima, representa o Bloqueio Continental imposto por Napoleão a partir de 1806 na Europa com o objetivo de enfraquecer a economia britânica. Sobre as conseqüências desse bloqueio na história do reino de Portugal e de sua colônia americana, julgue os itens abaixo marcando V para os verdadeiros e F para os falsos. (0,5)

a ( F ) aliado histórico da França, o reino de Portugal, como se vê no mapa, aderiu desde o começo ao Bloqueio Continental, mas devido à crise econômica provocada pela interrupção do comércio com a Inglaterra, a Coroa portuguesa decide romper a aliança com a França. O resultado foi a invasão das tropas napoleônicas ao reino

b ( V ) Principal adversário de Napoleão na Europa, a Grã Bretanha, através de sua marinha, escolta a família real portuguesa durante a fuga para a sua colônia na América.

c ( V ) O apoio da Inglaterra à causa da independência das colônias hispano-americanas pode ser explicado pela dificuldade que o reino britânico encontrava para fazer comércio na Europa, devido ao Bloqueio Continental. A independência dessas colônias garantiria mercado para a crescente produção industrial da Inglaterra, amenizando os prejuízos causados pelo Bloqueio Continental.

d ( F ) A fuga da família real portuguesa para o Brasil inspirou-se na fuga do rei da Espanha, Fernando VII, que também foi ameaçado pelas tropas napoleônicas, para o vice-reino de Nova Espanha, na América do Norte.

e ( V ) Pressionado pela França de Napoleão e temendo perder sua mais importante colônia para a Inglaterra caso aderisse ao Bloqueio Continental, só restou ao Príncipe Regente, D João, a fuga para o Brasil.

04.1) Entre 1808 e 1810 dois importantes tratados foram assinados pelo Príncipe Regente, D João. Sobre esses dois tratados, responda:

a) Qual foi a principal conseqüência do Tratado de Abertura dos Portos assinado por D João em 1808? (0,3)

Resposta: Esse tratado deu à colônia a liberdade de fazer comércio com outras nações, desde que essas nações fossem aliadas de Portugal. Essa liberdade comercial põe fim ao Pacto Colonial, sendo esta a principal conseqüência desse tratado.

b) Escreva dois aspectos no Tratado de Comércio, Aliança e Amizade assinado em 1810 que beneficiavam a Inglaterra. (0,3)

Resposta: Os cidadãos ingleses tinham podiam professar sua fé anglicana livremente no Brasil; Não podiam, caso fossem acusados de crimes, ser julgados por um tribunal que não fosse inglês. O Tratado de Comércio concedia aos produtos ingleses importados uma alíquota de 15%, enquanto produtos provenientes de Portugal eram taxados em 16% e de outros países em 24%.


05) Qual o impacto que a cidade do Rio de Janeiro provocou na família real portuguesa assim que eles desembarcaram no porto da cidade? Em seguida, escreva três mudanças pela qual passou a cidade durante a permanência da família real. (0,3)

Resposta: As primeiras impressões não foram boas. A cidade do Rio de Janeiro, como outras cidades da colônia, apresentavam uma precária infra-estrutura com ruas estreitas e sujas. Escravos e libertos perambulavam pelas ruas; animais, como cavalos, despejavam seus dejetos na rua causando um odor fétido nas ruas e nas casas.

A ausência de atividades de lazer aos quais os nobres europeus estavam habituados, como ir ao teatro e passeios em jardins eram costumes desconhecidos dos moradores da cidade.

A presença da corte portuguesa na cidade provoca uma grande melhoria na infra-estrutura, o Príncipe Regente determina a criação da academia real de Belas Artes, do Teatro Real, da Imprensa Régia, de escolas de medicina, do Banco do Brasil e da Casa da Moeda; do Jardim Botânico e etc.








Boa Avaliação!


domingo, 17 de agosto de 2008

Música que gosto.

Em tempos em que "cada um no seu quadrado" e "a dança do créu" viram hits nacionais é importante lembrar que o gênio humano já foi capaz (talvez ainda seja) de produzir música e não funk. (hehehehehe)

"Professor, que tipo de música o senhor gosta?" Muitos alunos me fazem essa pergunta. A partir de hoje, inicio uma série onde a cada semana postarei uma música que é do meu agrado. Talvez vocês se surpreendam, talvez não. O que espero, de verdade, é que vocês ouçam e aprendam que existem outros gêneros musicais. Que boa música não tem idade. Que mesmo sem letra é possível, só com a melodia, saber exatamente o que um compositor sentiu ao compor uma obra musical. Querem um exemplo? Escutem Sonata ao Luar, de Beethoven, composta em 1802 e escrevam, nos comentários, o que essa música transmite. Na próxima semana revelo no que pensava Beethoven ao compor esta sonata.







segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A Fuga da Família Real Portuguesa

A origem de tudo: o bloqueio continental.

Dê um clic no mapa acima para observá-lo em mais detalhes. Perceba, que dos reinos do continente europeu, Portugal havia sido o único que ainda não tinha aderido ao Bloqueio Continental imposto por Napoleão aos reinos da Europa com o objetivo claro de enfraquecer a economia britânica, principal rival do imperador francês naquele momento.

Sabe-se que a situação do principe regente D João não era muito confortável. Se aderisse ao bloqueio, a marinha britânica bombardearia Lisboa e o que é pior: tomaria sua principal colônia, o Brasil. Ficando ao lado da Grã-Bretanha, teria seu território invadido pelas tropas napoleônicas e correria o sério risco de perder o trono para Napoleão. Fugir para o Brasil - a mais importante colônia do já enfraquecido império colonial português - era a única alternativa viável. Por quê? Transferindo a corte portuguesa para o Rio de Janeiro o trono da dinastia Bragança que governava Portugal estaria assegurado, mesmo Napoleão ocupando o território português, como, de fato, ocupou. Além disso, vindo para o Brasil, o risco de perder sua mais importante colônia estaria bastante reduzido.

Uma vez decidido pela fuga, seria fundamental planejá-la bem. Mais: era imprescindível ganhar tempo com Napoleão, isto é, dar a entender ao imperador francês que acataria suas imposições e assim atrasar ao máximo a invasão do reino. Em suas memórias, escritas na ilha de Santa Helena onde estava preso, Napoleão cunhou a seguinte frase sobre D João: "Foi o único que me enganou".

O sucesso da fuga, porém, não se deu apenas pela competência das autoridades portuguesas em enganar Napoleão. Sem a proteção da marinha britânica, os navios que conduziam a família real portuguesa para o Brasil não teriam chegado ao seu destino. A proteção da Inglaterra, portanto, foi decisiva para o sucesso da fuga.

Oh, Zé Paulo, por que se fala tanto dessa fuga da família real portuguesa para o Brasil? Só por que neste ano se completou o bicentenário dela? Também, meus caros. Mas a importância dessa fuga para o nosso país é bem maior do que apenas festejar essa data comemorativa. A história do Brasil mudou de forma definitiva a partir dela.

Chegando em Salvador, isso em janeiro de 1808, o Príncipe Regente D João assinou o importantíssimo Tratado de Abertura dos Portos. Esse tratado permitia que toda nação amiga de Portugal - em 1808 "todas as nações amigas" se resumia a Inglaterra - poderia fazer comércio livremente nos portos brasileiros. Na prática, esse tratado acabava com o pacto coloniale como não havia mais o pacto colonial, na prática o Brasil deixou de ser colônia. Foi o primeiro e um dos mais importantes passos para o processo de independência política do Brasil que só seria completado em 1822.

Em 1810, um novo tratado foi assinado por D João. "Denominado oficialmente de “Treaty of Cooperation and Friendship”, Tratado de Cooperação e Amizade, de 1810 , assinado pelo conde de Linhares e pelo lorde Strangford, eram compostos por dois acertos: um de aliança e amizade (com 11 artigos e 2 decretos) e o outro de comércio e navegação (com 34 artigos)." Este último estabelecia alíquotas diferenciadas, isto é, impostos sobre importação de produtos, com taxas distintas a depender do país. Dessa forma, os produtos ingleses eram taxados em 15%; os produtos portugueses em 16% e os produtos de outros países em 24%. Ou seja, as mercadorias inglesas foram beneficiadas por esse tratado.

Muito se diz que esses acordos beneficiaram a Inglaterra e que demonstram o grau de dependência econômica que Portugal, e depois o Brasil, tinham em relação ao Reino Unido. É inegável que os tratados beneficiaram a Inglaterra, afinal, a proteção da marinha britânica à fuga de 1808 não foi um ato de caridade. Todavia, nenhuma outra nação do mundo tinha mais capacidade de produção e comercialização do que a Inglaterra. Qualquer acordo comercial internacional relevante, pela força da economia britânica, beneficiaria os ingleses. O que pouca gente lembrar que tanto o Tratado de 1808 quanto o de 1810, dinamizaram a economia da colônia. Os produtores brasileiros conseguiram vender seus produtos por um preço melhor e a abertura comercial também proporcionou o barateamento dos preços dos produtos manufaturados (industriais), sobretudo ingleses. Melhorias impossíveis de acontecer se o pacto colonial fosse mantido.

O Estado português, que agora estava sediado na cidade do Rio de Janeiro, também se beneficiou com esses acordos. Um maior volume de comércio fez o governo arrecadar mais impostos, por exemplo. E, não esqueçam, manter uma corte que só gastava e nada produzia, convenhamos, era preciso tirar o dinheiro de algum lugar, não é? Enfim, os ingleses não se beneficiaram sozinhos com esses acordos.

O maior benefício, porém, foi que com o Tratado de 1808 (de Abertura dos Portos) e com a presença da família real portuguesa no Rio de Janeiro, o Brasil deixa de ser uma colônia subordinada aos interesses e desmandos de Lisboa. Os historiadores dizem que nesse período, era como se o Brasil fosse a metrópole e Portugal a colônia. Numa verdadeira inversão colonial.