sábado, 2 de outubro de 2010

As obras da renascença no detalhe.

Nas últimas duas semanas, estudamos a Renascença e o Humanismo. Para muitos historiadores esses dois movimentos inauguram o que se convencionou chamar de Era Moderna (século XV ao XVIII). Com efeito, tanto o Renascimento quanto o humanismo inauguram uma nova forma de interpretar o mundo e de relacionar com a arte. O antropocentrismo que foi substituindo pouco a pouco o teocentrismo foi com certeza a caracterítica mais evidente entre o período medieval que ia se obliterando e o mundo moderno que estava se formando.

Os quadros da renascença chamam atenção pela técnica da perspecetiva, pelo naturalismo, pelo resgate dos valores greco-romanos e, claro, pela beleza das obras.

É inescapável, quando se fala dos pintos da renascença, citar as obras dos grandes renascentistas da península itálica. Pois bem! Um site traz uma novidade impressionante. Imagine você vendo, no detalhe, mas bem no detalhe mesmo, algumas das obras mais famosas do renascimento italiano. Imaginou? Pare de imaginar e veja por si mesmo. Clique aqui e se impressione com a genialidade de alguns pintores da renascença.



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

As Primeiras Cruzadas


Os turcos seljúcidas, um povo que se originou na Ásia Central e migrou para o Oriente Médio, adotando a fé islâmica, começou a conquistar grande parte do Oriente Médio. Os turcos seljúcidas conquistaram grande parte da Anatólia bizantina, e da Síria, Palestina e Jerusalém dos árabes. Os turcos seljúcidas foram menos tolerantes do cristianismo em comparação com os primeiros governantes muçulmanos tinham sido.

Em 1095 o imperador bizantino Aleixo I escreveu uma carta ao Papa Urbano II, em Roma, pedindo o apoio militar da Europa Ocidental contra a nova ameaça islâmica. Em sua carta, Aleixo I escreveu em detalhe gráfico como os turcos seljúcidas estava torturando peregrinos cristãos em Jerusalém. Papa Urbano II respondeu à carta apelando para os reis e os cavaleiros cristãos em toda a Europa, buscando uma cruzada religiosa para libertar a terra santa dos turcos, iniciando uma luta de 200 anos, hoje conhecida como as Cruzadas.

A Primeira ea Segunda Cruzada

Durante a Primeira Cruzada, os cristãos capturaram Jerusalém, após um longo cerco. Infelizmente, alguns muçulmanos e judeus da cidade foram massacrados, embora as fontes discordam sobre exatamente quantos morreram. Note-se que o massacre dos habitantes de uma cidade que se recusaram a entregar era uma prática comum neste momento.

Os territórios conquistados na Primeira Cruzada foram divididos em um número de estados cruzados ao longo da costa do Levante: o condado de Edessa, o Principado de Antioquia, o Condado de Trípoli, eo mais importante, o reino de Jerusalém. No entanto, os cruzados logo aprenderam que a parte mais difícil das Cruzadas não era capturar território em primeiro lugar, mas a defesa do território contra um inimigo paciente em uma terra estranha. O primeiro dos estados cruzados a serem tomadas pelas forças muçulmanas foi o condado de Edessa, que foi invadida pelos turcos seljúcidas em 1144, fazendo uma cruzada segunda, destinada a capturar a capital seljúcida de Damasco. A Segunda Cruzada falha neste objetivo principal, mas, pelo menos, parecia que os turcos não podiam capturar os outros estados cruzados.

A recuperação muçulmana de Jerusalém sob Saladino

Em 1169, Saladino, um general curdo no exército seljúcido assumiu o controle do Egito. Saladino foi um estrategista astuto. Em uma série de campanhas foi capaz de derrotar seu empregador anterior, os turcos seljúcidas, e assumir o controle do que restava dos territórios seljúcidas no Próximo Oriente. Fundou uma nova dinastia Ayubi. Os estados cruzados foram agora completamente cercada por um único império muçulmano governado por Saladino. Em 1187, Saladino começou uma guerra contra os estados cruzados, derrotando-os na Batalha de Hattin e recuperou Jerusalém e grande parte do território dos cruzados. Apenas um número de castelos e bem fortificada cidades costeiras (Tiro, Trípoli e Antioquia) foram capazes de resistir a Saladino.

A notícia da perda de Jerusalém na Europa chamou para a convocação da Terceira Cruzada. Rei Ricardo Coração de Leão de Inglaterra, Philip II de França e Frederico Barbaruiva, imperador do Sacro Império Romano, responderam à chamada. Frederico foi o primeiro a sair, ele escolheu a via terrestre através da Anatólia e teve alguns sucessos militares ao longo da estrada. No entanto, durante a travessia do rio Saleph caiu de seu cavalo e morreu, suas forças foram agora sem líder, e a maioria voltou para a Alemanha, apenas um punhado foi para Antioquia. As forças francesas e britânicas chegaram por via marítima, em primeiro lugar assumiram o controle do Chipre do governador bizantino que tinha se rebelado contra o Império Bizantino. Após desembarcarem no Levante, trazendo para a cidade de Acre e, em seguida, derrotaram as forças de Saladino na batalha de Apollonia. Nas negociações de paz com Saladino, Ricardo Coração de Leão optou por não exigir a entrega de Jerusalém, em si, mas em vez disso, insistiu em que os muçulmanos dessem acesso a todos os peregrinos cristãos à cidade sem impedimentos. Ricardo percebeu que uma Jerusalém cristã nunca estariam a salvo de represálias muçulmanas futuras. Seu plano era concentrar suas forças nas cidades costeiras da Terra Santa que poderia facilmente ser reabastecida por mar, por causa do poder superior naval das forças cristãs. Com estas bases, os cristãos poderia assegurar que os peregrinos cristãos poderiam entrar na cidade de Jerusalém com relativa facilidade.

Fonte: aqui

Assistam a estes vídeos!







O incrível exército de Brancaleone (Armata Brancaleone, L'). O filme é uma sátira sobre valores da cavalaria e o seu contexto histórico é a Baixa Idade Média.

O trecho postado no blog faz uma referência à famosa Cruzadas dos Pobres que, segundo a Tradição, foi liderada por um fanático chamado Pedro, o eremita e antecedeu à Primeira Cruzada.

O filme é uma comédia e se você tiver tempo, assista-o na íntegra e dê boas risadas.

ATENÇÃO:

A existência de líderes religiosos entre o povo era comum no período. Muitos homens, mulheres e crianças seguiam esses líderes na esperança do perdão dos pecados e da cura de doenças incuráveis.

Não consegui no youtube uma versao dublada ou legendada. Porém, mesmo em italiano, as imagens ajudam você a compreender a cena!

O discurso do Papa Urbano II

“Meus queridos irmãos, ungido pela necessidade, eu, Urbano, com a permissão de Deus o bispo chefe e prelado de todo o mundo, vim até esse lugar na qualidade de
embaixador, trazendo uma mensagem divina a todos os servos de Deus. (...)

Posto que vossos irmãos que vivem no Oriente requerem urgentemente as vossas ajudas, e vós deveis esmerar para prestar-lhes a assistência que a eles vem sendo prometida faz tanto tempo. Aí que, como sabeis todos, os Turcos e os árabes, os tens atacado e estão conquistando vastos territórios da terra de România (Império Bizantino), tanto no oeste como na costa do Mediterrâneo e em Helesponto, que é chamado o braço de São Jorge.

Estão ocupando cada vez mais e mais os territórios cristãos, e já venceram sete batalhas. Estão matando e capturando muitos, e destruindo as igrejas e devastando o império.

Se vós, impuramente, permitires que isso continue acontecendo, os fieis de Deus seguirão sendo atacados, cada vez com mais dureza. Em vista disso, eu, e não bastante, Deus, os designa como herdeiros de Cristo para anunciar em todas as partes e para convencer as pessoas de todas as gamas, os infantes e cavaleiros, para socorrer prontamente aqueles cristãos e destruir a essa raça vil que ocupa as terras de nossos irmãos. Digo isto para os presentes, mas também se aplica a aqueles ausentes. Mais ainda, Cristo mesmo os ordena.

Todos aqueles que morrerem pelo caminho, seja por mar ou por terra, em batalha contra os pagãos, serão absolvidos de todos seus pecados. Isso lhe é garantido por meio do poder com que Deus me investiu. Oh terrível desgraça se uma raça tão cruel e baixa, que adora demônios, conquistar a um povo que possui a fé de Deus onipotente e tem sido glorificado em nome de Cristo! Com quantas reprovações nos oprimiria o Senhor se não ajudarmos a aqueles, que como nós, professam a fé de Cristo! Façamos que aqueles que estão promovendo a guerra entre fieis marchem agora a combater contra os infiéis e conclua em vitória uma guerra que deveria ter se iniciado há muito tempo. Que aqueles que por muito tempo tem sido foragidos, que agora sejam cavaleiros. Que aqueles que estão pelejando com seus irmãos e parentes, que agora lutem de maneira apropriada contra os bárbaros. Que aqueles que estão servindo de mercenários por pequena quantia, ganhem agora a recompensa eterna. Que aqueles que hoje se malograram em corpo tanto como em alma, se disponham a lutar por uma honra em dobro.

Vejam! Neste lado estarão os que lamentam e os pobres, e neste outro, os ricos; neste lado, os inimigos do Senhor, e em outro, seus amigos. Que aqueles que decidam ir não adiem a viajem senão que produzam em suas terras e reúnam dinheiro para os gastos; e que, uma vez concluído o inverno e chegada à primavera, se ponham em marcha com Deus como guia.”

À proposta de alistamento, todos gritaram : "Deus vult! Deus vult!" ( Deus quer!)

Os cristãos ficaram convencidos da justiça de sua causa e decidiram pela guerra.
A partida foi então destinada para 15 de agosto de 1096.

Proposta pelo Papa, para se distinguir o exercito, uma cruz vermelha deveria ser costurada à roupa. Diz Urbano II "...a conselho do espírito santo."

Mais informações, aqu

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sunitas X Xiitas.

O oriente médio.

Em destaque, o Líbano.


Leiam o post abaixo publicado hoje na Folha On line. Comento no final.

Confrontos entre grupos xiitas e sunitas libaneses em Beirute nesta terça-feira deixaram três mortos e vários feridos. O choque ocorreu a poucos blocos de um centro comercial que costuma ficar lotado de turistas nesta época do ano.

Soldados libaneses cercaram a área e impediram que jornalistas entrassem no local, mas durante horas era possível ouvir o som dos tiros e granadas.

A troca de tiros começou entre a milícia xiita Hizbollah e o conservador sunita Al Ahbash, após uma briga do lado de fora de uma mesquita na área residencial mista de Bourj Abu Haidar, segundo autoridades.

As autoridades informaram ainda que Mohammed Fawas, líder do Hizbollah na área, e seu assessor, Munzer Hadi, foram mortos no confronto, junto com Fawaz Omeirat, do Al Ahbash.

Um comunicado em conjunto divulgado posteriormente pelos dois grupos disse que o incidente foi resultado de "uma disputa pessoal e não tem nenhum pano de fundo político ou sectário".

Os dois lados disseram ter concordado imediatamente em por fim às diferenças e à presença armada nas ruas.

Combatentes colocaram fogo em uma mesquita na região próxima de Basta, segundo um fotógrafo da agência Associated Press.

Salah, de 40 anos, que não quis informar seu sobrenome, disse que estava dentro da mesquita Bourj Abu Haidar quando ouviu uma gritaria do lado de fora e pessoas pedindo calma. Vinte minutos depois, ele ouviu tiros atingindo a mesquita.

RIXAS

A disputa aconteceu quando o líder do Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, falava aos seus apoiadores, pedindo aumento da assistência militar do Irã e dos vizinhos árabes para o Exército libanês.

Foi o pior choque desde maio de 2008, quando homens armados do Hizbollah varreram as vizinhanças sunitas de Beirute após o governo pró-Ocidente tentar desmantelar a rede de telecomunicações do grupo.

Na época, o confronto deixou o país à beira de uma nova guerra civil. O Líbano tem um histórico de rixas sectárias mortais. As tensões têm se acirrado nas últimas semanas, após sinais de que um tribunal da ONU (Organização das Nações Unidas) pode indiciar o Hizbollah pela morte, em 2005, do ex-primeiro-ministro Rafik al Hariri.

Nasrallah disse ter informações de que o tribunal irá implicar membros do Hizbollah no crime, mas disse que se trata de um "projeto israelense" que "não tem credibilidade".

A Al Ahbash, ou Associação de Projetos Islâmicos de Caridade, é um grupo muçulmano conservador rival a muitos outros grupos sunitas no país. O nome do grupo tornou-se conhecido após o assassinato de Hariri. Dois altos representantes do grupo foram presos por cerca de quatro anos sob suspeita de envolvimento no crime, mas depois foram soltos.

Comento

Ao contrário do que muita gente pensa, o Islã não é uma religião monolítica, infensa à divisões ou ao sectarismo religioso. Na verdade, bem no início do Islã, no século VII, os muçulmanos se dividiram em duas correntes principais: os sunitas e os xiitas. Desde aquela época até os dias atuais, os sunitas formam a maioria dos muçulmanos. Alguns estimam que essa corrente represente cerca de 80% dos muçulmanos. O que sobra são formados por xiitas. Engana-se, porém, quem acha que essa divisão é simples assim. Entre os sunitas e xiitas há diversas seitas e correntes, portanto, imaginar o Islã como uma religião monolítica é um equívoco que vocês, alunos, não podem mais incorrer.

Qual a causa da divisão dos muçulmanos em sunitas e xiitas? O que caracteriza de modo geral as crenças de cada uma dessas correntes? Será que o que se sabe sobre elas está realmente correto? Vamos as respostas.

A divisão começou logo após a morte do profeta Mohamad (Maomé), em 632. Havia uma discussão sobre quem deveria suceder o Profeta. O sucessor (califa) deveria ser um descendente direto da família do Profeta ou poderia ser qualquer muçulmano escolhido pelos seus pares? Um grupo, o maior, entendia que o califa teria que ser escolhido pela comunidade islâmica e não deveria ser necessariamente um descendente direto da família de Maomé. Esse grupo ficará conhecido como sunitas. Já os xiitas entendiam que o califa deveria ser necessariamente um descendente da família de Maomé. Os dois grupos tinham os seus preferidos: os sunitas queriam Omar ou Abu Bacre, ambos sogros de Maomé; já os xiitas defendiam que Ali, primo de Maomé e casado com Fátima, a filha do Profeta, fosse o califa. Foi a partir da divergência sobre quem deveria ser o sucessor do Profeta e a forma de escolhê-lo que nasceu a divisão do Islã em sunitas e xiitas. Em tempo: Abu Bacre, Omar e Ali, acabaram se tornando califa, mas a divisão já estava consolidada.

Os sunitas além do Alcorão (Corão) consideram a Suna - livro que reúne os ditos e feitos do Profeta - um livro sagrado, embora dêem ao Alcorão uma importância bem maior. Além disso, os sunitas consideram que a revelação se esgotou no Alcorão, não havendo, portanto, mais nada no livro que possa ser revelado.

Os xiitas, por sua vez, e ao contrário do que muita gente pensa, não desprezam a Suna, embora dêem a esse livro uma importância bem menor do que é dada pelos sunitas. Como os sunitas, os xiitas crêem que no Alcorão não há mais nada a ser revelado, no entanto, acreditam nos ímãs, homens especiais, enviados por Deus, para esclarecer pontos ocultos no Alcorão. Esses pontos, segundo creem os xiitas, só podem ser revelados pelos ímãs. Dessa forma, uma maneira de distinguir os xiitas dos sunitas, é que os primeiros creem nos ímãs, os outros, não.

Finalmente, é um engano rotular os xiitas de radicais e os sunitas de moderados. Esse rótulo nos leva a um erro ainda mais grave: como os xiitas são radicais, os grupos terroristas islâmicos são todos xiitas; não havendo entre os sunitas extremistas islâmicos. A Al Qaeda, por exemplo, é um grupo terrorista sunita. Aliás, uma das seitas mais radicais do Islã, os Whababistas, é sunita. Enfim, há radicais extremistas dos dois lados.










domingo, 15 de agosto de 2010

O Islamismo e a liberdade


A palavra Islã significa submissão. Os muçulmanos têm como profissão de fé a submissão a Deus, no caso, Alá. Proclamar Alá como Deus único e Maomé como o seu último e mais importante profeta, além de seguir o Alcorão, são alguns dos aspectos dessa submissão. Portanto, a liberdade para um muçulmano consiste na aceitação desses pressupostos.

Na última 4ª feira, dia 21 de maio*, houve uma aula sobre o islamismo, envolvendo as áreas de História, Ensino Religioso e Artes Visuais.

Dei início à aula exibindo dois vídeos que estão no youtube e que serviram de mote para a explicação de alguns aspectos históricos do Islã, e, principalmente, para tratar de um valor caro a mim: a liberdade de expressão. De forma resumida, a minha exposição tratou do seguinte:

Nos dois primeiros meses de 2006, protestos violentos foram protagonizados por grupos muçulmanos em diversas partes do mundo. O motivo: charges publicadas em jornais dinamarqueses que criticavam, sempre com humor, aspectos do islamismo. A reação de grupos radicais islâmicos, conhecidos erroneamente como fundamentalistas, foi imediata. Fizeram passeatas, queimaram bandeiras dinamarquesas, gritaram palavras de ordem contra o ocidente e os Estados Unidos, repetiram palavras de amor ao profeta, a Alá, e, pasmem: ao terrorista Osama Bin Laden. O que havia nessas charges? Vejam vocês mesmos clicando aqui.

De todas as charges apresentadas, quero destacar a que está publicada no post. Dois aspectos nessa charge ofenderam a crença muçulmana: a charge exibe o profeta Maomé ( o nome correto é Mohamad, mas é mais fácil falar Maomé, acho) mostrando o rosto. Para um muçulmano isso é uma blasfêmia. Os muçulmanos rejeitam representaro seu profeta máximo dessa maneira, pois consideram idolatria. Outro aspecto é o gracejo que a charge faz com a crença islâmica de que aquele que se sacrifica – entenda, dá a vida - em nome do Islã, receberá, como recompensa, virgens no paraíso. São tantos homens-bomba que, brinca a charge, não há mais virgens disponíveis. No Alcorão não há uma sura sequer que prove ou comprove essa promessa. A crença nas "72 virgens" teria surgido de um "Hadith", palavras de Maomé, garantindo que, no paraíso, uma das recompensas mais simples a que tem direito cada muçulmano que faça jus ao Paraíso, é ter 80 mil criados e 72 mulheres. Desse "Hadith" até a idéia de que os muçulmanos terão no Paraíso 72 virgens, foi um pulo.

Em 3 de fevereiro de 2006, uma parte da comunidade islâmica em Londres fez uma manifestação em frente à embaixada dinamarquesa, veja aqui. Chamei atenção para um aspecto: no ocidente, os valores democráticos permitem que um grupo que se sinta ofendido, discriminado, proteste livremente. Imaginem vocês um protesto de cristãos em Riad, capital da Arábia Saudita? Imaginem manifestações de grupos radicais de judeus e cristãos em Teerã? Não imaginem, porque é simplesmente proibido.

É o Islã violento?

Muita gente tende a generalizar os conceitos fazendo uma relação direta entre terroristas que adotaram o islamismo como fé, e a religião. A confusão não pára aí. Confundem árabes com muçulmanos e vice-versa. A confusão fica assim:

O islamismo é uma religião violenta e seus seguidores são fanáticos, terroristas e assassinos. Como os árabes são muçulmanos, logo, todos os árabes são, no mínimo, suspeitos de serem terroristas.

Nada pior do que essas generalizações simplistas e preconceituosas. É verdade, reconheço, que as ações terroristas de grupos radicais muçulmanos, suas manifestações mundo afora, quase sempre violentas, ajudam, (e como!) a reforçar esse preconceito. Mas vamos corrigir algumas distorções:

1 – Ações terroristas não são exclusividades de grupos radicais muçulmanos. No ocidente, ainda há grupos que, apesar de cristãos, já adotaram ou ainda adotam ações terroristas. O IRA e o ETA, por exemplo. Até grupos sionistas (judeus) também já deram sua contribuição para o terror. Dessa forma, é importante não associar grupos terroristas à religião que eles professam. Não é verdade que todo muçulmano seja um terrorista, pior: que a religião islâmica justifica o terrorismo.

2 – Se é verdade que a maioria dos árabes é muçulmana, não é verdade que todos os muçulmanos do mundo, sejam árabes. Há, por exemplo, pequenos grupos de árabes no Líbano e em outros países da região, que são cristãos. Além do mais, desde a expansão islâmica após a morte de Maomé em 632, outros povos, não-árabes, converteram-se ao Islã. Hoje, o maior país muçulmano do mundo é a Indonésia, que não é árabe. Portanto, nem todo árabe é muçulmano, nem todo muçulmano é árabe.


* Esse texto foi escrito em maio de 2008.


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Esclarecimentos.

Queridos e queridas!

Problemas na internet impediram que o que havia sido acertado com vocês dias antes do recesso de julho fosse cumprido. Dessa forma, o trabalho agendado vai ter uma nova data que será definida na segunda-feira, dia 26 de julho.

Sem mais informações, agradeço a compreensão.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cantigas de Santa Maria

Ouvimos em sala de aula a apresentação de uma canção medieval do século XIII. Trata-se de uma, das centenas de composições atribuídas ao rei espanhol Afonso X, o sábio. O conjunto dessas canções vai receber o nome de Cantigas de Santa Maria.

O objetivo de apresentar a vocês, meus caros, essas composições, é o de tentar desfazer um erro que infelizmente é bastante comum: chamar o período medieval de Idade das Trevas.

Essa visão preconceituosa que nasceu com os renascentistas da Idade Moderna, persiste até hoje entre as pessoas, mesmo algumas delas sendo até letradas.

Ouçam abaixo essas composições e digam se está correto atribuir à Idade Média um período onde a cultura havia desaparecido.






Acima, uma releitura com um arranjo mais ousado, da cantiga I. Abaixo, a versão original.




Escutem também a famosa cantiga 100, que se chama Santa Maria, estrela do dia.


domingo, 13 de junho de 2010

De olho nos links.


Meus caros!
Abaixo, há dois links IMPORTANTÍSSIMOS para ajudá-los na prova discursiva de história que ocorrerá no dia 21 de junho. Portanto, não deixem de acessá-los!

domingo, 28 de março de 2010

Como nascem as hipóteses...

No post abaixo os cientistas que levantaram a hipótese de existir mais uma espécie em nossa árvore genealógica, partiram de um pequeno fragmento de osso de uma falange, onde puderam pesquisar o DNA mitocondrial presente no fragmento, e, a partir dele, levantar as hipóteses que estudos mais aprofundados devem ou não confirmar. E assim a ciência avança.

Convido vocês a relerem a matéria e focarem em alguns aspectos que considero relevantes. Vejam como os cientistas formulam hipóteses a partir de alguns detalhes. Vejam como uma hipótese inicial pode ser descartada totalmente quando testes de laboratório apontam para outra direção e assim novas hipóteses precisam ser formuladas. Vamos destacar alguns trechos da matéria:

“A camada geológica em que o fragmento foi encontrado sugere que ele pertencia a um hominídeo do período paleolítico, entre 30 000 e 50 000 anos atrás.”

Uma das técnicas de datação, chamada de indireta, é estabelecer a camada geológica onde o fóssil ou o objeto foi encontrado. A partir daí formula-se a idade do fóssil ou do artefato. No caso do fragmento do osso, os cientistas estimaram que a pessoa a quem aquele fragmento de osso pertenceu viveu ente 30 e 50 mil anos atrás, portanto no período paleolítico. A matéria não diz, mas com as informações que temos, poderemos avançar e dizer que se tratava de um povo nômade, caçador e coletor, porque os grupos humanos desse período pré-histórico apresentavam essas características.

Outro trecho:

"Como homens modernos e neandertais habitavam a região, os cientistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, que analisaram o DNA do fragmento de osso, esperavam que o fóssil pertencesse a um desses. Ocorreu o inesperado: o estudo, publicado na semana passada na revista científica Nature, revela que o material genético não pertence a nenhum deles. "Tudo indica que estamos diante de um hominídeo totalmente novo para a ciência", comemorou o pesquisador Johannes Krause, um dos autores da pesquisa."

Esse trecho é particularmente importante. Vejam que baseados em evidências secundárias: a camada geológica e o fato de a região ter sido habitada por homens modernos (sapiens sapiens) e neanderthais, os cientistas supuseram que o fragmento pertencia a um desses grupos. No entanto, os testes revelaram que a hipótese estava errada. Ao que tudo indica, e de acordo com os primeiros testes de DNA, trata-se de um novo hominídeo, desconhecido dos cientistas e que deve ter convivido com as outras duas espécies na região.

A novidade que a matéria revela é que o exame do DNA mitocondrial e do DNA nuclear vem ajudando paleontólogos a desvendar o segredo de nossa evolução. A Genética torna-se uma ciência de capital importância nos estudos e pesquisas da origem da humanidade.

E O POVOAMENTO DA AMÉRICA COM ISSO?

Pois, é. Como o possível mais novo membro de nossa família ancestral foi encontrado na Sibéria, região por onde, dizem os pesquisadores, grupos humanos atravessaram o estreito de Bering e chegaram a América, é possível que o que se sabe sobre o povoamento do nosso continente seja mais uma vez modificado.

Se os cientistas estiverem certos quanto a hipótese de que os primeiros grupos humanos chegaram a América há mais de 30 mil anos, é possível imaginar que o tal novo membro da família também tenha vindo para essas bandas... Sabe-se lá!

Por enquanto, a certeza que se tem é que os grupos humanos que povoaram a América já eram homo sapiens sapiens e vieram da Ásia. Há quem defenda a rota do Pacífico, mas por enquanto parece ser uma hipótese mais fantasiosa que científica.

Mais um parente?

A árvore genealógica acima pode mudar...

Um pequeno fragmento de osso, pouco maior que uma ervilha, pode levar a um dos maiores feitos recentes da paleontologia: a descoberta de um parente até hoje desconhecido do homem moderno. Em 2008, pesquisadores russos encontraram um pedaço de falange de dedo mínimo enterrado na caverna Denisova, no sul da Sibéria, um conhecido sítio arqueológico. A camada geológica em que o fragmento foi encontrado sugere que ele pertencia a um hominídeo do período paleolítico, entre 30 000 e 50 000 anos atrás. Como homens modernos e neandertais habitavam a região, os cientistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, que analisaram o DNA do fragmento de osso, esperavam que o fóssil pertencesse a um desses. Ocorreu o inesperado: o estudo, publicado na semana passada na revista científica Nature, revela que o material genético não pertence a nenhum deles. "Tudo indica que estamos diante de um hominídeo totalmente novo para a ciência", comemorou o pesquisador Johannes Krause, um dos autores da pesquisa.


Para chegar a essa descoberta, os cientistas leram várias vezes milhares de pedaços de moléculas de DNA para chegar a uma sequência completa do genoma mitocondrial. As mitocôndrias armazenam informações genéticas herdadas da mãe, enquanto o DNA nuclear transporta as características hereditárias da mãe e do pai. É mais fácil mapear o DNA mitocondrial porque existem 8 000 cópias dele em cada célula, e apenas uma de DNA nuclear. Os cientistas alemães compararam o DNA mitocondrial da falange com o de 54 homens vivos, o de um homem pré-histórico, o de seis neandertais, o de um bonobo e o de um chimpanzé. O objetivo era identificar geneticamente o material com o de algum deles. O resultado foi uma surpresa. A sequência do DNA mitocondrial do hominídeo de Denisova difere em 385 posições (cada uma das letrinhas do código genético) da sequência do homem moderno. Essa soma é quase o dobro do número de diferenças entre o homem moderno e o de Neandertal. Com relação ao chimpanzé, o genoma difere em 1 462 posições. Isso coloca o dono da falange mais próximo do homem que do primata.


O próximo passo da pesquisa é obter a sequência do DNA nuclear do fragmento de osso. Só assim se poderá confirmar que ele pertence a uma nova espécie de hominídeo. Se os cientistas estiverem corretos, será a primeira vez que um hominídeo é identificado tendo como base de pesquisa apenas o seu DNA. O estudo dos genomas tem permitido aos paleontólogos reconstituir o passado do homem ao longo da história. Descobriu-se, por exemplo, que 95% da população europeia descende de um grupo de apenas sete linhagens gênicas. Um dos autores do estudo com o hominídeo de Denisova, o biólogo sueco Svante Pääbo, é responsável por uma outra diferenciação entre espécies. Em 1997, ele participou do projeto que sequenciou o DNA mitocondrial do neandertal. Uma das conclusões mais importantes do estudo foi a de que o Homo sapiens e os neandertais não eram parentes tão próximos como se pensava. Provou-se que o primeiro não é descendente do segundo, mas sim um primo distante. Durante os 6 milhões de anos da evolução humana, coexistiram várias linhagens de hominídeos. Todas acabaram extintas, exceto o Homo sapiens. Após a descoberta do hominídeo de Denisova, os cientistas já falam em reexaminar as coleções de fósseis para ver se algum deles não pertence ao parente recém-descoberto.

FONTE: Revista Veja.

Abaixo, uma cena do filme a Guerra do Fogo, onde a tese de que diferentes tipos de homínideos conviveram é explorada.





terça-feira, 2 de março de 2010

O canto das Sereias


Todas às vezes que ouvia a estória do canto das sereias, que está na Odisséia, poema homérico do século VIII a C, ficava imaginando: "que canto mavioso, embora fatídico, poderia ser esse que atemorizava os marinheiros do mar Jônio?" Conta-nos Homero que o canto desses seres cabeça de mulher e corpo de pássaro que ficavam nos rochedos à espreita das embarcações, era tão bonito, tão encantador, que nenhum homem poderia ouvi-lo sem se deixar enfeitiçar por ele. Era justamente nesse momento que esses seres mitológicos devoravam suas vítimas.

Ulisses, homem astuto que criou o estratagema do cavalo de Tróia, permitindo que os gregos vencessem a guerra, como está narrado na Íliada, depois de dez anos longe de sua terra natal, a ilha de Ítaca, que fica a leste do Peloponeso, inicia sua viagem de volta não sem antes passar por inúmeras aventuras que fizeram o herói navegar por mais dez anos pelas águas do Egeu antes de chegar ao seu destino.

Numa dessas aventuras, Ulisses e seus homens aportam numa ilha onde vive a deusa Circe, cujo poder consiste em transformar homens em animais. A deusa interessa-se por Ulisses e sem muito esforço consegue satisfazer seus desejos com o herói homérico. Ao que parece, a satisfação da deusa foi completa, tanto, que ela adverte Ulisses do perigo das sereias e ainda ensina o herói a não apenas vencer esse perigo, como se tornar um dos dois mortais a ouvir o canto delas sem morrer.

A deusa recomenda a Ulisses que ordene a seus homens que o amarre bem forte ao mastro do navio. Antes, alerta a deusa, será preciso que os homens de Ulisses tapem os ouvidos com cera de abaelha para que eles não ouçam o canto mortal. Também sugere ao marinheiro que seus homens não o solte do mastro por mais que ele, desesperado, dê essa ordem. Seguindo essas instruções, garante Circe, Ulisses ouviria o canto das sereias sem ser devorado por elas.

Seguindo à risca as recomendações da deusa, Ulisses prossegue viagem e depara-se com o perigo. Como previra a divindade grega, nosso herói fica enlouquecido com o canto das sereias e ordena, aos berros, que seus homens o desamarrem, mas eles, surdos por causa da cera que tapava seus ouvidos, ignoram a ordem de seu comandante. As sereias, conta uma das versões, sem conseguir o intento de devorar aqueles homens, arremessam-se contra os rochedos que existem nas inúmeras ilhas da região, matando-se.

Ao ouvir essas estórias, repito, ficava imaginando como seria esse canto. Acho que talvez fosse parecido com este que deixo para vocês ouvirem, logo abaixo.