Que é história?
Por que aprender história? Muitos alunos fazem essa pergunta tentando compreender outro grande mistério: para que serve aprender história? Não sei se eu serei capaz de responder adequadamente a essas perguntas, mas vou tentar. A importância de se aprender história pode ser reconhecida no seguinte aspecto: o indivíduo, a comunidade ou a sociedade que ignora o seu passado, é incapaz de reconhecer a si mesmo. Perguntas famosas que todos nós já fizemos, como por que nosso país é tão desigual ou por que não valorizamos a educação, ou por que existe racismo, preconceito, guerras, questões como essas podem ser elucidadas pela história.
Não
se estuda o passado para mudar o futuro ou apenas como passatempo. Estudamos o
passado para entender o que somos hoje e, em grande medida, também o que fomos.
Estudamos o passado para descobrir como as sociedades antigas resolveram seus
problemas e como essas soluções encontradas pelos antigos podem ser úteis para
a sociedade de hoje. Enfim, História não é uma ciência do Passado, mas uma ciência que tem no Passado e nas realizações humanas ao longo do tempo, o seu
objeto de estudo. História, portanto, é uma ciência que estuda as
realizações humanas no tempo.
Mas como o historiador pode ou consegue
estudar sobre um passado que ele não conheceu ou mesmo viveu? Como é possível ao historiador construir o
conhecimento histórico? De forma objetiva, a resposta a esta pergunta é: “através
das fontes históricas”. Conclui-se, portanto, que sem as fontes históricas
é impossível conhecer a história, pois o historiador não teria como pesquisá-la.
Fontes históricas são vestígios que revelam algo sobre o
passado e que são usados pelo historiador na sua pesquisa. Esses vestígios
podem ser: escritos e não-escritos. Entres as fontes históricas escritas
podemos citar como exemplo: diários, anuários, cartas, bilhetes, documentos,
revistas, jornais, livros, inscrições, etc. As fontes não-escritas podem ser
fotos, pinturas, construções, monumentos, filmes, música, depoimentos orais,
objetos, etc.
ATENÇÃO:
No
século XIX, os historiadores só aceitavam como fontes históricas documentos
escritos. Para esses historiadores, as sociedades e grupos humanos que
ignoravam a escrita não podiam ter a sua história conhecida. Por isso, no
século XIX, eles chamaram o período entre o aparecimento dos primeiros
hominídeos e o surgimento da escrita - no Crescente Fértil e no Extremo Oriente
- de Pré- História. Contudo, essa visão
não é mais aceita hoje em dia. Sociedades ou grupos humanos que não possuem
escrita podem ter a sua história conhecida através das fontes históricas
não-escrita.
O Fato Histórico.
O
que é um fato histórico? Certamente a maioria de vocês poderia responder que fato
histórico é um acontecimento muito importante, e não estaria errado. Mas o que
torna um acontecimento do passado, entre tantos, importante ou mais importante
que outros tantos? Aliás, quem determina que um acontecimento em particular foi
importante? O que eu estou tentando explicar a vocês é que é o historiador
quem determina que um acontecimento em especial foi um fato histórico. Isso
é não feito de maneira imediata. Deixem-me ser mais claro: quando vemos na TV
ou lemos em sites, jornais ou revistas, jornalistas afirmando que um
acontecimento ou um discurso é histórico, nada mais é que força de expressão. Para
um acontecimento se tornar um fato histórico é preciso que, ao longo do tempo,
esse acontecimento revele a sua relevância. E quem revela ou prova essa
relevância, é o historiador.
A Interpretação do Passado.
Agora chegamos num terreno perigoso. Será que o que sabemos sobre o Passado é verdade? Será que o que os livros contam sobre a II Guerra Mundial ou sobre o Império Romano, mais ainda: sobre os grupos humanos que viveram há milhares de anos, é mesmo verdade? Existe verdade no conhecimento histórico? Muitas dúvidas, não?
Em primeiro lugar, todo conhecimento do passado é uma
interpretação do historiador. Ou seja, nenhum historiador reproduz
fielmente o que ocorreu numa determinada época. Ele interpreta esses
eventos, baseados, não esqueça, nas fontes históricas. Portanto, o conhecimento
histórico não é baseado em mentiras ou invenções, mas é fruto de uma pesquisa
rigorosa das fontes históricas. No entanto, a maneira de apresentar esse
passado será sempre uma interpretação feita pelo historiador, e não o Passado
fiel.
Um
aluno curioso poderia me questionar: “Professor, li certa vez que para alguns
historiadores, Tiradentes foi o líder da Inconfidência Mineira, e para outros
apenas um fantoche nas mãos dos homens ricos e poderosos que estavam insatisfeitos
com a Coroa Portuguesa. Quem mente?”
E
aí? Eu poderia responder que nenhum dos dois está mentindo. Mas essa resposta
não o convenceria. Então, preciso me estender. Em primeiro lugar, não só é
possível como é inevitável que o conhecimento histórico, ou seja, o que sabemos
sobre o Passado, sofra modificações ao longo do tempo. Por quê? Porque
novas fontes históricas; novas técnicas de pesquisa, ou mesmo a época em que a
pesquisa foi feita; novas tecnologias, novas ferramentas teóricas; enfim,
tudo isso são fatores que modificam aquilo que sabemos sobre o Passado. O
conhecimento histórico, portanto, não é estático ou absoluto. O que sabemos
hoje, por exemplo, sobre a história do Brasil, daqui a cem anos ou menos,
poderá ser considerado ultrapassado devido aqueles fatores destacados
anteriormente. Por isso se diz que em se tratando de ciência, qualquer
ciência, não existe uma verdade absoluta ou definitiva, entendeu?
O Tempo histórico.
Quem nunca ouviu do pai, da mãe, do avô ou da avó,
enfim, de qualquer pessoa mais velha que a gente, a seguinte frase: “No meu
tempo, não era assim!” Esse tempo em que as coisas eram ou pareciam ser
diferentes do que são hoje é o que chamamos de Tempo histórico. Vou tentar ser
mais preciso. Há algum tempo, as mulheres ganharam espaço no mercado de
trabalho, muitas sustentam suas famílias, conquistaram a sua autonomia e
independência. Há 50 ou 60 anos, já havia mulheres que trabalhavam fora, que
sustentavam suas famílias que eram autônomas e independentes, mas no Passado
elas sofriam um forte preconceito. E por quê? Porque os valores da sociedade há
50 ou 60 anos eram outros. A gente diz, portanto, que o tempo histórico era
diferente. Abaixo, darei uma definição de tempo histórico que eu considero
simples.
Tempo histórico é o conjunto de valores, crenças,
conhecimento e formas de organização de uma sociedade. Esse conjunto
caracteriza e define um determinado período. Assim, os valores, as crenças, o
conhecimento, a forma de organização, por exemplo, da Idade Média, é diferente
da nossa sociedade atual.
Mas aí, temos um problema. Será que o tempo
histórico coincide com o tempo cronológico? Vou fazer a pergunta de forma
diferente: será que duas sociedades vivendo no mesmo tempo cronológico têm que
necessariamente estar no mesmo tempo histórico? Vejam as imagens abaixo, e
pensem:
Quando os portugueses chegaram à América, em 1500, encontraram os povos
indígenas. Do ponto de vista cronológico, eles eram contemporâneos ou coevos;
mas será que estavam no mesmo tempo histórico? A resposta, claro, é não! Os
nativos da América Portuguesa desconheciam a escrita, a metalurgia, a vida em
cidades, o uso do dinheiro, do excedente agrícola. Suas crenças, de forma geral
eram animistas, enfim, tinham valores, crenças, conhecimentos e se organizavam
de maneira distinta dos portugueses. Então, grupos vivendo em um mesmo
tempo cronológico podem estar em tempos históricos diferentes. Será que agora,
nesse exato momento, existem pessoas, grupos, sociedades que vivam num tempo
histórico diferente do nosso?
A divisão Tradicional da história.
Na maioria dos livros didáticos, a história do
ocidente, especialmente europeu, está dividida em 4 períodos ou idades. São
elas: A Idade Antiga; Média; Moderna e Contemporânea. No século XIX, os
historiadores acrescentaram à essa divisão, o período conhecido como
Pré-História. Então ficou assim:
No1° ano do Ensino Médio estudaremos a Pré-História e as Idades Antiga, Média e Moderna. E no caso da História do Brasil, o Brasil-Colônia.
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