As Cruzadas foram expedições
militares organizadas por nobres cristãos, com o apoio da Igreja, com o
objetivo de lutar contra os muçulmanos e reconquistar a Terra Santa (Jerusalém).
Entre os séculos XI e XIII, foram organizadas oito expedições. Os cristãos obtiveram êxito apenas na
Primeira Cruzada, mas essa vitória durou pouco e os muçulmanos reconquistaram a
Terra Santa. A partir daí, outras expedições foram organizadas e em todas os
muçulmanos mantiveram sob o seu domínio a Terra Santa.
Para entendermos o contexto
em que as Cruzadas aconteceram precisamos lembrar de algumas características e
eventos do período medieval.
Uma dessas características
eram as peregrinações. No período medieval os cristãos costumavam seguir a pé
até os lugares sagrados para fazer suas orações, cumprir suas penitências,
buscar um contato mais direto com Deus. De todos os lugares santos, o mais
sagrado era, justamente Jerusalém.
No século IX, durante a
Expansão muçulmana, Jerusalém, que estava sob o domínio do império bizantino,
foi conquistada pelos árabes. Mas em termos práticos, o domínio árabe sobre a
cidade sagrada não criou dificuldades para a peregrinação dos cristãos.
Contudo, no século XI, os turcos, do ramo seldjúcidas, convertidos ao Islã,
tomaram Jerusalém dos árabes e passaram a hostilizar os peregrinos cristãos.
Para piorar, esses turcos, a fim de conquistar o coração do império bizantino,
cercaram a cidade de Constantinopla.
Ameaçado, o imperador
bizantino escreve ao Papa Urbano II uma carta onde pede a ajuda dos cristãos do
ocidente contra os turcos seldjúcidas. O pedido do imperador bizantino tem um
grande significado porque na época as relações do imperador com a Igreja no
ocidente não eram tão amistosas. Vamos entender isso.
Em 1054, antes das Cruzadas,
aconteceu o Cisma do Oriente que
dividiu pela primeira vez a Igreja cristã. De forma geral as causas dessa
divisão foram políticas e doutrinárias. A causa política residia no
cesaropapismo, que o Papa discordava frontalmente. O cesaropapismo dava ao
imperador bizantino um poder sobre a Igreja, tornando-o além de chefe do
império (poder temporal) chefe da Igreja (poder espiritual).
Um exemplo das divergências
doutrinárias foi o movimento
iconoclasta. No século VIII e IX,
setores da Igreja no império bizantino passaram a condenar o uso de
ícones (imagens) e propuseram a sua abolição. Essa proposta foi rechaçada pelos
bispos do ocidente europeu e embora fracassada no próprio império bizantino,
ajudou a afastar as lideranças religiosas cristãs no ocidente das lideranças
cristãs no oriente.
O resultado desse paulatino
afastamento foi a divisão da Igreja em duas: A Igreja Católica Ortodoxa Grega,
sediada no império bizantino; e a Igreja Católica Apostólica Romana, presente
no ocidente europeu.
Diante do exposto, entende-se
que não era fácil para o imperador bizantino que também era chefe da Igreja
Ortodoxa, pedir apoio ao Papa. Esse pedido revela a grande preocupação do
imperador com o cerco dos turcos.
Em 1095, na cidade de
Clermont, na França, o Papa Urbano II convocou um concílio onde exortou os
cristãos a lutarem contra os muçulmanos que ameaçavam os cristãos no oriente.
Ficou famoso, nesse concílio, o discurso que o Papa fez convocando os cristãos
para a luta. Dentro da lógica da sociedade feudal, essa convocação era para o
estamento social que tinha como função a guerra, isto é, a nobreza.
Os historiadores analisam
que o pedido de socorro do imperador bizantino dava ao Papa a oportunidade para
reconquistar a Terra Santa, reunificar as duas Igrejas sob a sua autoridade e,
também, amenizar as tensões sociais que tanto incomodavam a Igreja no ocidente,
como, por exemplo, atraindo para a luta contra os muçulmanos aquela nobreza sem
terra que estava se dedicando a assaltos, a pilhagens e a guerras particulares.
Os historiadores veem essa
expedição não exatamente como uma Cruzada, porque ao contrários das anteriores
e das posteriores, essa expedição que partiu de Veneza com o financiamento dos
comerciantes desviou seu caminho para Constantinopla. A luta, portanto, foi
entre cristãos do Ocidente e do Oriente. O interesse dessa expedição foi
exclusivamente comercial, porque a cidade de Constantinopla era um importante
centro comercial de produtos vindos do oriente. O interesse dos comerciantes de
Veneza era estabelecer na cidade, entrepostos comerciais para ter acesso direto
aos produtos de luxo e às especiarias.
De forma geral, As cruzadas
tiveram 4 causas importantes:
Política – O interesse do
Papado em reunificar as duas Igrejas sob a autoridade de Roma.
Religiosa – O interesse em
reconquistar a Terra Santa e livrá-la dos muçulmanos, considerados infiéis.
Econômica – Especialmente na
Quarta Cruzada;
Social – Amenizar a tensão social no ocidente
enviando para o oriente os nobres sem terra para lutar contra os muçulmanos.
AS
CONSEQUÊNCIAS DAS CRUZADAS.
Embora os cristãos não
tenham obtido o controle sobre Jereusalém, e o Papa não ter conseguido a
reunificação das duas Igrejas sob a sua autoridade, as Cruzadas e o que elas
provocaram trouxeram uma série de benefícios para o ocidente europeu.
- Reabertura do mar mediterrâneo à navegação cristã.
- Restabelecimento do contato entre o Oriente e o Ocidente.
- Renascimento comercial e urbano
- O declínio do feudalismo
- A decadência do Império Bizantino.
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