terça-feira, 4 de setembro de 2012

As Cruzadas






As Cruzadas foram expedições militares organizadas por nobres cristãos, com o apoio da Igreja, com o objetivo de lutar contra os muçulmanos e reconquistar a Terra Santa (Jerusalém).

Entre os séculos XI e XIII, foram organizadas oito expedições. Os cristãos obtiveram êxito apenas na Primeira Cruzada, mas essa vitória durou pouco e os muçulmanos reconquistaram a Terra Santa. A partir daí, outras expedições foram organizadas e em todas os muçulmanos mantiveram sob o seu domínio a Terra Santa.

Para entendermos o contexto em que as Cruzadas aconteceram precisamos lembrar de algumas características e eventos do período medieval.

Uma dessas características eram as peregrinações. No período medieval os cristãos costumavam seguir a pé até os lugares sagrados para fazer suas orações, cumprir suas penitências, buscar um contato mais direto com Deus. De todos os lugares santos, o mais sagrado era, justamente Jerusalém. 

No século IX, durante a Expansão muçulmana, Jerusalém, que estava sob o domínio do império bizantino, foi conquistada pelos árabes. Mas em termos práticos, o domínio árabe sobre a cidade sagrada não criou dificuldades para a peregrinação dos cristãos. Contudo, no século XI, os turcos, do ramo seldjúcidas, convertidos ao Islã, tomaram Jerusalém dos árabes e passaram a hostilizar os peregrinos cristãos. Para piorar, esses turcos, a fim de conquistar o coração do império bizantino, cercaram a cidade de Constantinopla.

Ameaçado, o imperador bizantino escreve ao Papa Urbano II uma carta onde pede a ajuda dos cristãos do ocidente contra os turcos seldjúcidas. O pedido do imperador bizantino tem um grande significado porque na época as relações do imperador com a Igreja no ocidente não eram tão amistosas. Vamos entender isso.

Em 1054, antes das Cruzadas, aconteceu o Cisma do Oriente que dividiu pela primeira vez a Igreja cristã. De forma geral as causas dessa divisão foram políticas e doutrinárias. A causa política residia no cesaropapismo, que o Papa discordava frontalmente. O cesaropapismo dava ao imperador bizantino um poder sobre a Igreja, tornando-o além de chefe do império (poder temporal) chefe da Igreja (poder espiritual).

Um exemplo das divergências doutrinárias foi o movimento iconoclasta. No século VIII e IX,  setores da Igreja no império bizantino passaram a condenar o uso de ícones (imagens) e propuseram a sua abolição. Essa proposta foi rechaçada pelos bispos do ocidente europeu e embora fracassada no próprio império bizantino, ajudou a afastar as lideranças religiosas cristãs no ocidente das lideranças cristãs no oriente. 

O resultado desse paulatino afastamento foi a divisão da Igreja em duas: A Igreja Católica Ortodoxa Grega, sediada no império bizantino; e a Igreja Católica Apostólica Romana, presente no ocidente europeu.

Diante do exposto, entende-se que não era fácil para o imperador bizantino que também era chefe da Igreja Ortodoxa, pedir apoio ao Papa. Esse pedido revela a grande preocupação do imperador com o cerco dos turcos.


Em 1095, na cidade de Clermont, na França, o Papa Urbano II convocou um concílio onde exortou os cristãos a lutarem contra os muçulmanos que ameaçavam os cristãos no oriente. Ficou famoso, nesse concílio, o discurso que o Papa fez convocando os cristãos para a luta. Dentro da lógica da sociedade feudal, essa convocação era para o estamento social que tinha como função a guerra, isto é, a nobreza.

Os historiadores analisam que o pedido de socorro do imperador bizantino dava ao Papa a oportunidade para reconquistar a Terra Santa, reunificar as duas Igrejas sob a sua autoridade e, também, amenizar as tensões sociais que tanto incomodavam a Igreja no ocidente, como, por exemplo, atraindo para a luta contra os muçulmanos aquela nobreza sem terra que estava se dedicando a assaltos, a pilhagens e a guerras particulares.


Os historiadores veem essa expedição não exatamente como uma Cruzada, porque ao contrários das anteriores e das posteriores, essa expedição que partiu de Veneza com o financiamento dos comerciantes desviou seu caminho para Constantinopla. A luta, portanto, foi entre cristãos do Ocidente e do Oriente. O interesse dessa expedição foi exclusivamente comercial, porque a cidade de Constantinopla era um importante centro comercial de produtos vindos do oriente. O interesse dos comerciantes de Veneza era estabelecer na cidade, entrepostos comerciais para ter acesso direto aos produtos de luxo e às especiarias.

De forma geral, As cruzadas tiveram 4 causas importantes:

Política – O interesse do Papado em reunificar as duas Igrejas sob a autoridade de Roma.

Religiosa – O interesse em reconquistar a Terra Santa e livrá-la dos muçulmanos, considerados infiéis.

Econômica – Especialmente na Quarta Cruzada;

Social – Amenizar a tensão social no ocidente enviando para o oriente os nobres sem terra para lutar contra os muçulmanos.

AS CONSEQUÊNCIAS DAS CRUZADAS.

Embora os cristãos não tenham obtido o controle sobre Jereusalém, e o Papa não ter conseguido a reunificação das duas Igrejas sob a sua autoridade, as Cruzadas e o que elas provocaram trouxeram uma série de benefícios para o ocidente europeu. 



  • Reabertura do mar mediterrâneo à navegação cristã.
  • Restabelecimento do contato entre o Oriente e o Ocidente.
  • Renascimento comercial e urbano
  • O declínio do feudalismo
  • A decadência do Império Bizantino.

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