Esqueleto de 12.000 anos prova que primeiros habitantes da América vieram da Ásia
Amostras de DNA ligaram o esqueleto batizado de Naia aos indígenas americanos
Crânio de Naia, fóssil de 12 mil anos encontrado numa caverna submersa no México. |
Definir a origem dos
primeiros povos da América tem sido um desafio para arqueólogos e antropólogos.
A descoberta de um esqueleto em uma caverna submersa do México pode ser o elo
que faltava entre os primeiros habitantes da América e os povos indígenas que
se desenvolveram no continente. O estudo, realizado por pesquisadores dos
Estados Unidos, Canadá, México e Dinamarca, foi publicado nesta quinta-feira, na
revista científica Science.
Uma
das teses mais aceitas para a origem dos americanos é a de que os
primeiros habitantes seriam descendentes de siberianos que chegaram ao
continente por Beríngia, uma porção de Terra firme que ligou o Alasca e a
Sibéria em diversos momentos do Pleistoceno, período que corresponde ao
intervalo entre 1,8 milhão e 11.500 anos atrás.
Essa ideia, porém, esbarra no seguinte problema: as características faciais dos esqueletos mais antigos encontrados na América não se parecem muito com os povos indígenas da atualidade. Os crânios encontrados em escavações são mais longos e estreitos do que os dos indígenas, e seus rostos, menores. Isso levou à especulação de que os primeiros americanos pré-históricos e os indígenas tinham origens distintas – ou chegaram da Ásia em diferentes estágios de sua evolução.
Essa ideia, porém, esbarra no seguinte problema: as características faciais dos esqueletos mais antigos encontrados na América não se parecem muito com os povos indígenas da atualidade. Os crânios encontrados em escavações são mais longos e estreitos do que os dos indígenas, e seus rostos, menores. Isso levou à especulação de que os primeiros americanos pré-históricos e os indígenas tinham origens distintas – ou chegaram da Ásia em diferentes estágios de sua evolução.
Esqueletos
de paleoamericanos (como são chamados os primeiros povos que chegaram ao continente
americano) não são encontrados com facilidade, o que dificulta a solução do
mistério. "Os paleoamericanos eram povos nômades, que costumavam enterrar
ou cremar seus mortos no lugar em que estivessem, tornando a localização de
suas tumbas imprevisível", afirma James Chatters, dono da empresa de
consultoria Paleociência Aplicada e principal autor do estudo.
Descoberta — Por essa razão, a descoberta de um esqueleto
quase completo em uma caverna subaquática no México representa um marco no
estudo sobre a origem do homem americano. O esqueleto pertence a uma menina que
tinha entre 15 e 16 anos e, com base em estudos de datação por radiocarbono
feitos em seu esmalte dentário e análises dos depósitos minerais em seus ossos,
os pesquisadores concluíram que seu esqueleto tem, pelo menos, 12.000 anos.
A
descoberta foi realizada em um conjunto de cavernas mexicanas denominado Sac
Actun, na costa da Península de Iucatã, acessível somente a mergulhadores. O
esqueleto recebeu o apelido de Naia, que significa "ninfa das águas".
Ao lado de Naia, foram encontrados ossos de grandes mamíferos. Os pesquisadores
acreditam que pessoas e animais caíram nessa caverna, que se tornou submersa há
cerca de 10.000 anos, com o derretimento das geleiras.
Elo — Os pesquisadores analisaram o DNA
mitocondrial de Naia — parte do material genético que é herdado apenas da mãe e
utilizado para estudar ligações entre povos — e descobriram que seu perfil
genético é semelhante ao dos indígenas atuais. Ao mesmo tempo, as
características cranianas de Naia são dos primeiros habitantes da América.
Dessa forma, Naia seria o elo entre os homens que chegaram ao continente e os
que hoje vivem nele.
As
diferenças craniofaciais, explicam os cientistas, se devem provavelmente a
mudanças evolutivas que ocorreram depois que os habitantes de Beríngia vieram
para a América.
Assim,
o estudo sugere que a América não foi povoada por diferentes ondas migratórias
vindas de partes da Eurásia (continente que era a junção da Europa e a Ásia),
mas sim que a população se expandiu a partir dos homens que vieram da Ásia para
o continente americano por meio de Beríngia. A equipe pretende agora tentar
sequenciar o DNA nuclear de Naia, em busca de mais resposta sobre a origem dos
povos americanos.
Fonte das imagens acima: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2014/05/1454937-cranio-de-12-mil-anos-achado-no-mexico-e-similar-a-brasileiros-da-epoca.shtml
O assunto foi veiculado no dia 15 de maio no JN
Um comentário:
Naia como Luzia tem traço negroides, como dos aborígenes. Mas o DNA das duas são dos atuais indígenas.
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