Convido vocês a relerem a matéria e focarem em alguns aspectos que considero relevantes. Vejam como os cientistas formulam hipóteses a partir de alguns detalhes. Vejam como uma hipótese inicial pode ser descartada totalmente quando testes de laboratório apontam para outra direção e assim novas hipóteses precisam ser formuladas. Vamos destacar alguns trechos da matéria:
“A camada geológica em que o fragmento foi encontrado sugere que ele pertencia a um hominídeo do período paleolítico, entre 30 000 e 50 000 anos atrás.”
Uma das técnicas de datação, chamada de indireta, é estabelecer a camada geológica onde o fóssil ou o objeto foi encontrado. A partir daí formula-se a idade do fóssil ou do artefato. No caso do fragmento do osso, os cientistas estimaram que a pessoa a quem aquele fragmento de osso pertenceu viveu ente 30 e 50 mil anos atrás, portanto no período paleolítico. A matéria não diz, mas com as informações que temos, poderemos avançar e dizer que se tratava de um povo nômade, caçador e coletor, porque os grupos humanos desse período pré-histórico apresentavam essas características.
Outro trecho:
"Como homens modernos e neandertais habitavam a região, os cientistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, que analisaram o DNA do fragmento de osso, esperavam que o fóssil pertencesse a um desses. Ocorreu o inesperado: o estudo, publicado na semana passada na revista científica Nature, revela que o material genético não pertence a nenhum deles. "Tudo indica que estamos diante de um hominídeo totalmente novo para a ciência", comemorou o pesquisador Johannes Krause, um dos autores da pesquisa."
Esse trecho é particularmente importante. Vejam que baseados em evidências secundárias: a camada geológica e o fato de a região ter sido habitada por homens modernos (sapiens sapiens) e neanderthais, os cientistas supuseram que o fragmento pertencia a um desses grupos. No entanto, os testes revelaram que a hipótese estava errada. Ao que tudo indica, e de acordo com os primeiros testes de DNA, trata-se de um novo hominídeo, desconhecido dos cientistas e que deve ter convivido com as outras duas espécies na região.
A novidade que a matéria revela é que o exame do DNA mitocondrial e do DNA nuclear vem ajudando paleontólogos a desvendar o segredo de nossa evolução. A Genética torna-se uma ciência de capital importância nos estudos e pesquisas da origem da humanidade.
E O POVOAMENTO DA AMÉRICA COM ISSO?
Pois, é. Como o possível mais novo membro de nossa família ancestral foi encontrado na Sibéria, região por onde, dizem os pesquisadores, grupos humanos atravessaram o estreito de Bering e chegaram a América, é possível que o que se sabe sobre o povoamento do nosso continente seja mais uma vez modificado.
Se os cientistas estiverem certos quanto a hipótese de que os primeiros grupos humanos chegaram a América há mais de 30 mil anos, é possível imaginar que o tal novo membro da família também tenha vindo para essas bandas... Sabe-se lá!
Por enquanto, a certeza que se tem é que os grupos humanos que povoaram a América já eram homo sapiens sapiens e vieram da Ásia. Há quem defenda a rota do Pacífico, mas por enquanto parece ser uma hipótese mais fantasiosa que científica.