quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O Estudo da História.


Que é história?

Por que aprender história? Muitos alunos fazem essa pergunta tentando compreender outro grande mistério: para que serve aprender história? Não sei se eu serei capaz de responder adequadamente a essas perguntas, mas vou tentar. A importância de se aprender história pode ser reconhecida no seguinte aspecto: o indivíduo, a comunidade ou a sociedade que ignora o seu passado, é incapaz de reconhecer a si mesmo. Perguntas famosas que todos nós já fizemos, como por que nosso país é tão desigual ou por que não valorizamos a educação, ou por que existe racismo, preconceito, guerras, questões como essas podem ser elucidadas pela história.

Não se estuda o passado para mudar o futuro ou apenas como passatempo. Estudamos o passado para entender o que somos hoje e, em grande medida, também o que fomos. Estudamos o passado para descobrir como as sociedades antigas resolveram seus problemas e como essas soluções encontradas pelos antigos podem ser úteis para a sociedade de hoje. Enfim, História não é uma ciência do Passado, mas uma ciência que tem no Passado e nas realizações humanas ao longo do tempo, o seu objeto de estudo. História, portanto, é uma ciência que estuda as realizações humanas no tempo.

 Mas como o historiador pode ou consegue estudar sobre um passado que ele não conheceu ou mesmo viveu?  Como é possível ao historiador construir o conhecimento histórico? De forma objetiva, a resposta a esta pergunta é: “através das fontes históricas”. Conclui-se, portanto, que sem as fontes históricas é impossível conhecer a história, pois o historiador não teria como pesquisá-la.

Fontes históricas são vestígios que revelam algo sobre o passado e que são usados pelo historiador na sua pesquisa. Esses vestígios podem ser: escritos e não-escritos. Entres as fontes históricas escritas podemos citar como exemplo: diários, anuários, cartas, bilhetes, documentos, revistas, jornais, livros, inscrições, etc. As fontes não-escritas podem ser fotos, pinturas, construções, monumentos, filmes, música, depoimentos orais, objetos, etc.

ATENÇÃO:

No século XIX, os historiadores só aceitavam como fontes históricas documentos escritos. Para esses historiadores, as sociedades e grupos humanos que ignoravam a escrita não podiam ter a sua história conhecida. Por isso, no século XIX, eles chamaram o período entre o aparecimento dos primeiros hominídeos e o surgimento da escrita - no Crescente Fértil e no Extremo Oriente - de Pré- História.  Contudo, essa visão não é mais aceita hoje em dia. Sociedades ou grupos humanos que não possuem escrita podem ter a sua história conhecida através das fontes históricas não-escrita.


 O Fato Histórico.
 
O que é um fato histórico? Certamente a maioria de vocês poderia responder que fato histórico é um acontecimento muito importante, e não estaria errado. Mas o que torna um acontecimento do passado, entre tantos, importante ou mais importante que outros tantos? Aliás, quem determina que um acontecimento em particular foi importante? O que eu estou tentando explicar a vocês é que é o historiador quem determina que um acontecimento em especial foi um fato histórico. Isso é não feito de maneira imediata. Deixem-me ser mais claro: quando vemos na TV ou lemos em sites, jornais ou revistas, jornalistas afirmando que um acontecimento ou um discurso é histórico, nada mais é que força de expressão. Para um acontecimento se tornar um fato histórico é preciso que, ao longo do tempo, esse acontecimento revele a sua relevância. E quem revela ou prova essa relevância, é o historiador.


A Interpretação do Passado.

Agora chegamos num terreno perigoso. Será que o que sabemos sobre o Passado é verdade? Será que o que os livros contam sobre a II Guerra Mundial ou sobre o Império Romano, mais ainda: sobre os grupos humanos que viveram há milhares de anos, é mesmo verdade? Existe verdade no conhecimento histórico? Muitas dúvidas, não?

Em primeiro lugar, todo conhecimento do passado é uma interpretação do historiador. Ou seja, nenhum historiador reproduz fielmente o que ocorreu numa determinada época. Ele interpreta esses eventos, baseados, não esqueça, nas fontes históricas. Portanto, o conhecimento histórico não é baseado em mentiras ou invenções, mas é fruto de uma pesquisa rigorosa das fontes históricas. No entanto, a maneira de apresentar esse passado será sempre uma interpretação feita pelo historiador, e não o Passado fiel.

Um aluno curioso poderia me questionar: “Professor, li certa vez que para alguns historiadores, Tiradentes foi o líder da Inconfidência Mineira, e para outros apenas um fantoche nas mãos dos homens ricos e poderosos que estavam insatisfeitos com a Coroa Portuguesa. Quem mente?”

E aí? Eu poderia responder que nenhum dos dois está mentindo. Mas essa resposta não o convenceria. Então, preciso me estender. Em primeiro lugar, não só é possível como é inevitável que o conhecimento histórico, ou seja, o que sabemos sobre o Passado, sofra modificações ao longo do tempo. Por quê? Porque novas fontes históricas; novas técnicas de pesquisa, ou mesmo a época em que a pesquisa foi feita; novas tecnologias, novas ferramentas teóricas; enfim, tudo isso são fatores que modificam aquilo que sabemos sobre o Passado. O conhecimento histórico, portanto, não é estático ou absoluto. O que sabemos hoje, por exemplo, sobre a história do Brasil, daqui a cem anos ou menos, poderá ser considerado ultrapassado devido aqueles fatores destacados anteriormente. Por isso se diz que em se tratando de ciência, qualquer ciência, não existe uma verdade absoluta ou definitiva, entendeu?

O Tempo histórico.
Quem nunca ouviu do pai, da mãe, do avô ou da avó, enfim, de qualquer pessoa mais velha que a gente, a seguinte frase: “No meu tempo, não era assim!” Esse tempo em que as coisas eram ou pareciam ser diferentes do que são hoje é o que chamamos de Tempo histórico. Vou tentar ser mais preciso. Há algum tempo, as mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho, muitas sustentam suas famílias, conquistaram  a sua autonomia e independência. Há 50 ou 60 anos, já havia mulheres que trabalhavam fora, que sustentavam suas famílias que eram autônomas e independentes, mas no Passado elas sofriam um forte preconceito. E por quê? Porque os valores da sociedade há 50 ou 60 anos eram outros. A gente diz, portanto, que o tempo histórico era diferente. Abaixo, darei uma definição de tempo histórico que eu considero simples.



Tempo histórico é o conjunto de valores, crenças, conhecimento e formas de organização de uma sociedade. Esse conjunto caracteriza e define um determinado período. Assim, os valores, as crenças, o conhecimento, a forma de organização, por exemplo, da Idade Média, é diferente da nossa sociedade atual.



Mas aí, temos um problema. Será que o tempo histórico coincide com o tempo cronológico? Vou fazer a pergunta de forma diferente: será que duas sociedades vivendo no mesmo tempo cronológico têm que necessariamente estar no mesmo tempo histórico? Vejam as imagens abaixo, e pensem:



 Quando os portugueses chegaram à América, em 1500, encontraram os povos indígenas. Do ponto de vista cronológico, eles eram contemporâneos ou coevos; mas será que estavam no mesmo tempo histórico? A resposta, claro, é não! Os nativos da América Portuguesa desconheciam a escrita, a metalurgia, a vida em cidades, o uso do dinheiro, do excedente agrícola. Suas crenças, de forma geral eram animistas, enfim, tinham valores, crenças, conhecimentos e se organizavam de maneira distinta dos portugueses. Então, grupos vivendo em um mesmo tempo cronológico podem estar em tempos históricos diferentes. Será que agora, nesse exato momento, existem pessoas, grupos, sociedades que vivam num tempo histórico diferente do nosso?

A divisão Tradicional da história. 


Na maioria dos livros didáticos, a história do ocidente, especialmente europeu, está dividida em 4 períodos ou idades. São elas: A Idade Antiga; Média; Moderna e Contemporânea. No século XIX, os historiadores acrescentaram à essa divisão, o período conhecido como Pré-História. Então ficou assim:











No1° ano do Ensino Médio estudaremos a Pré-História e as Idades Antiga, Média e Moderna. E no caso da História do Brasil, o Brasil-Colônia.