quarta-feira, 21 de março de 2012

RESPONDENDO AO ED1 (PARTE 2)

O povoamento do continente americano ainda está envolto em muitas dúvidas. Não se sabe, precisamente, em que época os primeiros grupos humanos chegaram à América. As estimativas mais aceitas pelos pesquisadores variam entre 20 mil a 30 mil anos AP. Há quem considere datas ainda mais remotas. Outra aspecto controverso é se esses grupos humanos chegaram apenas pelo esterito de Bering ou se houve outras rotas de entradas na América, como a rota do oceano Pacífico.

Ainda que pairem importantes dúvidas sobre o povoamento da América entre os pesquisadores, há alguns consensos importantes. Sabe-se que os grupos humanos que ocuparam o nosso continente vieram de outro continente, com muita probabilidade de ter sido a Ásia. Sabe-se também que esses grupos humanos eram caçadores e coletores e já pertenciam à nossa espécie. Outra importante certeza é que houve, no mínimo, duas correntes migratórias que chegaram à América em épocas distintas: a primeira, do grupo  autralo-melanésio, deu origem ao povo de Luzia. Seus traços físicos eram semelhantes ao dos aborígenes da Áustrália e dos africanos. A segunda onda migratória foi do grupo mongolóide, com aspecto físicos semelhantes aos dos índios americanos.

No Brasil existem importantes sítios arqueológicos que vêm com seus achados revelando novidades sobre a ocupação humana da América. Entre os mais conhecidos estão o de Lagoa Santa, em Minas Gerais, onde foi encontrado o crânio mais antigo da América, com 11500 anos. Esse crânio revelou que ates dos índios, o nosso continente foi ocupado por um grupo conhecido como australo-melanésio, o famoso povo de Luzia. Esse achado provou aos pesquisadores a América foi povoada por duas ondas migratórias.

No sítio do Boqueirão da Pedra Furada, no Piauí, a arquóloga Niède Guidon defende que a presença humana na América é superior a 50 mil anos. Ela se baseia em restos de cinzas cuja análise laboratorial encontrou datas referentes a 48 mil anos. Para a pesquisadora, essas cinzas são restos de fogueiras e que por isso comprovariam a presença humana na região há um tempo bem maior do que se supõe. No entanto, alguns críticos do trabalho de Niède Guidon afirmam que os restos de cinzas encontrados podem ser apenas o resultado de incêndio naturais, e não de fogueiras, por isso afirmam que a conclusão da pesquisadora carece de provas mais contundentes.

RESPONDENDO AO ED1 (parte I)




Segundo a teoria da evolução, os ancentrais do homem moderno (Homo sapiens sapiens) surgiram na África há milhões de anos. Chama-se de hominídeo esses ancestrais ou antepassados dos seres humanos.

Os pesquisadores dividiram os hominídeos em dois gêneros: o primeiro, mais antigo, são os Autralopithecus; o segundo, o gênero Homo. Cada gênero apresenta diversas espécies, como por exemplo: A. afarensis, A. africanus; H habilis, H. erectus, H. neanderthal e H. sapiens sapiens. Uma das formas de se distinguir as diversas espécies de hominídeos é observar o volume dos crânios dessas espécies. De maneira geral, os menores volumes de crânio referem-se a hominídeos mais remotos. Dessa forma qualquer espécie de Australopithecus terá um volume craniano menor que qualquer espécie do gênero Homo.

Os pesquisadores chamam de H. habilis, os hominídeos que desenvolveram a habilidade de usar e até mesmo produzir ferramentar com o uso das mãos; O H. erectus foi o primeiro hominídeo a ficar permanentemente de pé, e, acredita-se que tenha sido essa espécie que saiu da África para a Europa e a Ásia. O H. nenderthalensis ou de neanderthal tinha muita semelhança com a nossa espécie, embora o aspecto do seu rosto fosse distinto, com uma testa mais proeminente e o maxilar também. Nossa espécie que acabou prevalencendo sobre as demais, existe há cerca de 120 mil anos (embora existam estudos que recuem ainda mais esse período). Foi essa espécie que ocupou o continente americano há aproximadamente 20 ou 30 mil anos.

A teoria da evolução é entendida pelo senso comum de uma forma bastante equivocada. Primeiro, muitos creem que evoluir é melhorar, isto é, é sair de um estágio inferior e chegar num estágio superior. Outro equívoco é achar que evoluir é tornar-se mais complexo. Em biologia, o significado da evolução, como o descreveu o autor da teoria, Charles Darwin, é adaptar-se. Diz-se que uma espécie evoluiu quando ocorreram mutações nessa espécie que permitiram que essa espécie se adaptasse às novas condições ambientais. Sendo assim, o que explica que as diversas espécies de hominídeos tenham desaparecidos no seu longo processo evolutivo é fato delas não terem se adaptado, ao contrário da nossa espécie.

Pesquisadores, sobretudo arqueólogos, se deparam nas suas escavações de sítios arqueológicos, com materiais produzidos por grupos humanos que existiram há centenas ou milhares de anos. Todo esse material, como: ferramentas, utensílios, objetos etc, é que se denomina de cultura material.

No século XIX, os historiadores chamaram de Pré-história o período em que os grupos humanos não dominavam a técnica da escrita. Nessa época, a crença era de que esses grupos por não disporem de registros escritos não poderiam ter a sua história conhecida e, portanto, viviam "antes" da história. Desde a segunda metade do século XX, essa percepção mudou. Sabemos hoje que através da cultura material desses povos é possível reconstruir a história dos grupos humanos que não conheciam a escrita.

Divide-se a Pré-história em três longos períodos: o Paleolítico (Pedra Lascada); o Neolítico (Pedra Polida) e a Idade dos Metais.

Período paleolítico:

Esse perído que teve início com o aparecimentos dos primeiros hominídeos e se estende até 12000 anos, apresenta algumas características importantes, como por exemplo: uma economia caçadora e coletora, o que tornava esses grupos, nômades, ou seja, viviam se deslocando sempre em busca de caça de frutos  e raízes para se alimentarem. Viviam em cavernas e não tinham noção de família. Suas ferramentas eram de pedra lascada e bastante rústicas.

A maior conquista desse período foi o domínio do fogo que foi decisivo para os grupos humanos que dominaram essa técnica. Com o fogo foi possível cozinhar alimentos, aquecer-se de frio, afungentar animais ferozes, iluminar as cavernas e, mais tarde, desenvolver a arte da cerâmica e da metalurgia.

Período Neolítico:

Esse período da Pré-História teve início há cerca de 12 mil anos foi até, aproximadamente, 5000 anos. Nesse período ocorreu a Revolução Neolítica, a partir da descoberta da agricultura e da criação de animais. A Revolução Neolítica permitiu que os grupos deixassem de ser nômades e se tornassem sedentários; permitiu a produção de excedente agrícola que depois poderiam ser comercializados. Garantiu uma fonte de alimentação além da caça, da pesca e da coleta de frutos e raízes.

Foi no período neolítico que os grupos humanos aprenderam a produzir vasos de cerâmica; passaram a viver em cabanas e a noção de família e propriedade começa a se formar.

Os primeiros núcleos urbanos e o as atividades de comércio estão associados a esse período e à Revolução Neolítica.

Idade dos Metais.

Com o domínio do fogo, alguns grupos humanos descobriram a técnica de fundir metais (a metalurgia) e começaram a substituir os objetos de pedra, madeira, ossos e cerâmica por objetos metálicos. O primeiro metal a ser fundido foi o cobre. Em seguida, descobriu-se que fundindo uma parte de cobre com outra de estanho, obtinha-se uma liga metálica que foi chamada de bronze. Por último foi descoberta a técnica de fundir o ferro.

Quando se descobre numa caverna uma pintura rupestre de 20 mil anos, o aluno curioso se pergunta: "20 mil anos antes de Cristo?" Pois é. Não! Quando uma data for antes de cristo, obrigatoriamente deve aparecer as siglas a. C (b C. em inglês). Quando essa siga não aparece, subtende-se que é "antes do presente" (AP), que se convencionou ser 1953. Dessa maneira, um vestígio que tenham 20 mil anos ou 30, ou até mesmo milhões de anos, se não vier especificado com as siglas a C, é porque é AP, entenderam?

terça-feira, 20 de março de 2012

Atenas 2 - Os Legisladores ou Reformadores


Os mais conhecidos legisladores de Atenas foram Drácon, Sólon e Clístenes. Em épocas distintas, embora historicamente próximas, esses atenienses propuseram várias reformas na cidade que, no seu conjunto, vão levar ao regime democrático em Atenas.

Drácon             
                        
Atribui-se a Drácon a medida de tornar escritas as leis de Atenas, permitindo assim que todos na cidade que soubessem ler conhecessem as leis. Outra medida associada a Drácon foi a sua legislação inflexível e dura, daí nascendo a expressões “leis draconianas” para leis muito severas e inflexíveis. Contudo, do ponto de vista do objetivo das reformas, as medidas de Drácon não surtiram os efeitos esperados.

Sólon

As reformas de Sólon foram muito mais profundas. Tão profundas que não seria exagero afirmar que suas reformas preparam em Atenas o caminho para a democracia. Sólon aboliu a escravidão por dívida na cidade. Criou a Bulé (conselho dos 400) e a Eclésia (assembleia popular da cidade). Além disso, Sólon aboliu os privilégios políticos dos eupátridas, criando uma nova organização social a partir da renda (divisão censitária da sociedade)

Embora profundas e importantes, as reformas de Sólon desagradaram a gregos e troianos. Ou para ser mais exato: a eupátridas e thetas. A tensão social prosseguiu, e aproveitando-se disso, um político ateniense, demagogo, de nome Psístrato, com apoio da massa, tomou o poder em Atenas, implantando na cidade a Tirania: regime político que na Grécia Antiga se caracterizava pela poder de um só (o tirano) sobre todos. Quem mais se desagradou desse regime, que fique claro, foram os aristocratas.

Psístrato, embora tirano e odiado pelos eupátridas, tinham um amplo apoio dos grupos sociais mais pobres, sobretudo após seu radical programa de reforma agrária. O reinado de Psístrato foi longo, mas seus filhos que o sucederam – Hipias e Hiparco – não foram tão eficazes na condução do governo e acabaram sendo derrotados pelos aristocratas que recuperaram o poder na cidade. Foi nesse contexto que surge a figura do último reformador: Clístenes.

Clístenes

É considerado o pai da democracia em Atenas. Suas principais medidas foram aprofundar as propostas de Sólon. Assim ele aumento a Bulé para 500 membros, deu mais poder à Eclésia e ao Helieu (tribunal de popular de Justiça). Fez uma divisão social complexa, de modo que num mesmo grupo houvesse grupos de tribos diferentes e de rendas distintas. 

De forma sintética, a nova organização social em Atenas a partir de Clístenes ficou assim:

Cidadãos ( homens com mais de 18 anos nascidos em Atenas)

Metecos (estrangeiros, geralmente associados ao comércio)

Escravos  (em sua maioria prisioneiros de guerra)

Mulheres, crianças, metecos e escravos que, juntos, representavam cerca de 90% dos habitantes de Atenas, estavam excluídos dos direitos políticos. Apenas os cidadãos é que exerciam esses direitos.

A fim de evitar que Atenas voltasse a ter um novo tirano, como na época de Psístrato, Clístenes criou para aquele cidadão que ameaçasse a democracia ateniense a pena do ostracismo, que consistia no banimento da cidade de Atenas por um período máximo de 10 anos.


Observem o gráfico acima que mostra a distribuição da população de Atenas no século V a C. Percebam que por volta de 432 a C, houve uma sensível diminuição no número de cidadãos na cidade. A principal razão para isso foi a decisão de Péricles – vamos falar mais dessa pessoa _ em restringir ainda mais o direito de cidadania em Atenas. Péricles conseguiu aprovar uma lei em Atenas que obrigava o cidadão ateniense, para ser cidadão, ser filho de pai e mãe ateniense.

Outra importante medida aprovada na Eclésia com a influência de Péricles foi a mistoforia. Preocupado com a falta de participação política dos mais pobres na Eclésia, Péricles criou uma remuneração (mistoforia) para o cidadão que comparecesse à Eclésia. Essa decisão agradou os mais pobres, e despertou a ira dos opositores de Péricles na cidade.

Amanhã, a educação em Atenas.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Atenas 1


Atenas e Esparta, as duas mais famosas cidades-estados do mundo grego antigo, eram em muitas características, antípodas. Enquanto Esparta sempre fora uma oligarquia, Atenas viveu seu apogeu político, século V a C, sob o regime democrático. 

Aqui é importante fazer algumas considerações: a democracia em Atenas era bem diferente da nossa. No caso deles, a democracia era direta, isto é, os próprios cidadãos atenienses se dirigiam à Eclésia para decidir, eles mesmos, os destinos da cidade. Em nosso caso, escolhemos, através de eleições periódicas e livres, representantes para votar leis e nos governar. Chamamos esse tipo de democracia de indireta ou representativa.

Além disso, no caso da Atenas clássica, as mulheres estavam excluídas dos direitos políticos, coisa bem diferente ocorre nos dias hoje. No caso do Brasil, por exemplo, a maioria dos eleitores é composta por mulheres. E não custa lembrar que temos na presidência do país uma mulher. 

Finalmente, há um detalhe que escapa a muitos alunos sobre a democracia ateniense. Tanto em Esparta quanto em Atenas uma minoria de habitantes é que detinha o poder político nas cidades. Alguns dados indicam que para cada 100 habitantes de Esparta, apenas 2 tinham direitos políticos. No caso de Atenas, no século V a C., essa proporção era de 100 para 10. Então, pergunta-se: “Por que Esparta era uma oligarquia, e Atenas, no século V a C, uma democracia?” a resposta é simples e direta. O regime democrático de Atenas não fazia distinção entre ricos e pobres quanto aos direitos políticos. Em outras palavras. Os cidadãos atenienses, ricos ou pobres, tinham os mesmos direitos políticos; Além do mais, as decisões eram tomadas em Assembléia Popular, e não por um rei, tirano ou um conselho político. Os cargos políticos em Atenas eram escolhidos por eleição e sorteio o que permitia que um cidadão mais pobre pudesse, em tese, ocupar um importante cargo político na cidade. Isso seria impossível num regime oligárquico. Essas caracteríticas tornavam o regime de Atenas democrático. Já em Esparta, isso não acontecia.

Antes de falarmos na democracia ateniense, é fundamental entendermos todo o processo que do século IX a C até o final do século VI a C, levou a cidade à democracia.

Atenas está situada na península da Ática e foi fundada pelos jônios numa época entre os séculos IX e VII a C. Ao contrário de Esparta, a cidade de Atenas conheceu vários sistemas políticos, como: a monarquia; a oligarquia; a tirania; e, finalmente, a democracia. Foi este último sistema que a tornou famosa no mundo.

Na época da oligarquia, o grupo social dominante e que detinha o poder político era os eupátridas, que formavam a aristocracia de Atenas. Chama-se de aristocracia o grupo social cuja riqueza está baseada na posse da terra e que detém o poder político numa região. Os eupátridas que eram grandes proprietários e dominavam politicamente a cidade eram, por isso, chamados de aristocratas. Com o tempo o termo aristocracia passou a designar os ricos, grandes proprietários.

No período da oligarquia, a cidade de Atenas vivia sob um clima de tensão social muito grande. Os grupos sociais mais pobres e/ou sem direitos políticos reivindicavam, sem sucesso, mais direitos na cidade. De forma geral, três eram os fatores de distúrbios sociais em Atenas: a escravidão por dívida; o latifúndio; a falta de participação política. No final do século VII a C e na primeira metade do século VI a C, os distúrbios foram se agravando, ameaçando o regime oligárquico dos eupátridas

A fim de conter as revoltas, o governo de Atenas convocou legisladores que propuseram reformas políticas, sociais e econômicas. Essas reformas tinham um objetivo principal: diminuir as tensões sociais na cidade.

Um documentário sobre a Grécia


Para quem se interessar, o documentário abaixo pode ser útil para a nossa avaliação. Em breve, dois posts sobre Atenas.

Esparta


"This is Sparta". Esse brado famoso do cinema, atribuído ao rei Leônidas, de Esparta, diante de um mensageiro persa, querendo dizer que os espartanos eram valentes e incorruptíveis, ficou famoso. Longe da ficção dos cinemas, proponho nesse post conhecer, em aspectos gerais, a cidade de Esparta, que os antigos chamavam de Lacedemônia.

Esparta foi fundada, até onde se sabe, pelos dórios, por volta do século X a C. O local escolhido foi o sul do Peloponeso, na Lacônia, uma região bastante propícia para a agricultura, ideal para os dórios que só sabiam plantar e lutar.

Sabe-se pouco sobre a cidade. O que vai nos interessar de modo mais imediato, é falar sobre a sua organização política e social; os objetivos de sua educação e de como os espartanos se relacionavam com os gregos de outras póleis.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

Esparta sempre fora uma oligarquia, sistema político em que um grupo reduzido detém o poder político. Na cidade havia dois reis (diarquia) com funções militares e religiosas. O órgão político mais importante em Esparta era a Gerúsia, um conselho de anciãos composto por 30 pessoas. Era sempre esse conselho que dava a última palavra nas decisões políticas da cidade. A assembleia popular em Esparta era a Ápela e era composta por todos os cidadãos espartanos (esparciatas) que deveriam ter, no mínimo, 30 anos. Além de discutir sobre diversos assuntos (mas não decidir, pois isso cabia à Gerúsia), a Ápela escolhia os gerontes (membros da Gerúsia) e os éforos, no total de cinco. Os éforos tinham funções administrativas na cidade e eram eleitos para um mandato de 1 ano.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Havia em Esparta três grupos sociais bem definidos: os esparciatas (espartanos); aqueles que detinham os direitos políticos, isto é, que poderiam votar na Ápela e compor os órgãos políticos. Os periecos, de origem controversa, mas geralmente associados ao pequeno comércio e à pequena propriedade de terra nos arredores da pólis. E os hilotas (messênios). Os hilotas eram servos ou escravos do Estado. Isto é, não pertenciam a um proprietário em particular, mas ao governo. Eram os hilotas quem, de fato, trabalhavam nas terras dos esparciatas.

Periecos e hilotas compunham a grande maioria da população da cidade. Contudo, quem controlava os destinos da pólis eram os esparciatas. Daí o seu sistema ser conhecido como oligarquia.

EDUCAÇÃO

A educação em Esparta tinha dois objetivos bastante conhecidos: o primeiro era o de formar soldados. Já foi dito que Esparta era um quartel e isso, de maneira nenhuma, seria um exagero. Desde a mais tenra idade, os espartanos se submetiam a um treinamento rigoroso, a fim de desenvolver suas habilidades militares. Toda essa obsessão dos espartanos pela arte militar deve-se, principalmente, ao temor que eles tinham de um revolta dos hilotas. Era preciso estar sempre pronto para agir quando os hilotas tentassem se livrar da escravidão na cidade.

Além de formar bons soldados, a educação em Esparta também visava à obediência ao Estado, ou seja, ao governo. O governo espartano não dava aos seus cidadãos muitas liberdades, na verdade nenhuma. Determinava a idade máxima que o cidadão deveria estar casado; interferia nos assuntos privados e exercia sobre as famílias espartanas um controle rigoroso. Enfim, formar cidadãos-soldados e cidadãos-obedientes eram os dois principais objetivos da educação em Esparta. Por isso, não se dedicavam a aoutros temas como música, artes, matemática, filosofia, literatura.

Outra prática famosa na cidade dos lacedemônios (como os espartanos eram conhecidos) era a do infanticídio. As crianças que apresentassem algum problema fisíco que as incapacitassem para o treinamento militar eram assassinadas sob as ordens do governo. Certamente por isso, as mulheres em Esparta, desde meninas, se submetiam à prática da ginástica a fim de crescerem saudáveis e gerarem filhos saudáveis.

O conceito de estrangeiro na Grécia Antiga era bastante diferente do nosso conceito. Como nunca houve a unidade política das cidades-estados gregas, qualquer cidadão grego que vivesse ou visitasse uma outra pólis que não fosse a sua cidade natal, era considerado estrangeiro. Dessa forma, por exemplo, um ateniense em Esparta, embora grego, seria considerado um xenos (estrangeiro) em Esparta. Falando nisso, os espartanos não tinham uma boa relação com os gregos de outras cidades. Na cidade era comum a aversão aos estrangeiros (xenofobia) e até mesmo a prática de expulsão do estrangeiro (a xenelasia).

Algumas curiosidades:

1 - Os gregos chamavam de bárbaros a todos os povos que não fossem gregos.

2 - O adjetivo lacônico (a), significa falar pouco, não dá, em palavras, muitas explicações. Atribui-se a origem desse adjetivo os espartanos (que viviam na Lacônia, lembram?) uma vez que eram treinados para falar pouco.

3 - Expressões como trienamento espartano e vida espartana ou costume espartano, referem-se a treinamentos duros e rigorosos e a uma vida ou costume sem qualquer luxo ou conforto.